Intervindo pelo CDS-PP na sessão solene comemorativa dos 45 anos da Revolução dos Cravos, na Assembleia da República, em Lisboa, Anacoreta Correia defendeu que a pertença à portugalidade exige dos políticos que “sirvam o país com uma ética exigente, um escrutínio constante e um horizonte mais amplo que o mero ciclo eleitoral ou mediático”.

“A promiscuidade com o poder, seja de âmbito económico, partidário ou familiar, é incompatível com a dignidade democrática”, advertiu o deputado, considerando que “a deferência diante das instituições em que se tem a honra de servir o país aconselha prudência e repúdio de banalizada familiaridade”.

Citando Alberto Caeiro, o deputado do CDS-PP disse depois que “não basta abrir a janela para ver os campos e o rio, é preciso também não ter filosofia nenhuma”, sustentando que por vezes o debate ideológico de hoje “impede” que se veja um metro à frente dos olhos.

“Que mais incêndios ou secas - quantas mortes terão ainda de ocorrer! - para encararmos o isolamento dos territórios e os portugueses abandonados à sua sorte pelo centralismo eleitoralista?”, questionou.

“O que precisaremos de constatar ainda em Tancos ou nos roubos relatados em hospitais para perceber que o Estado não pode simplesmente fingir que existe, que tem mesmo de exercer a sua autoridade?”, interrogou Anacoreta Correia,

Quarenta e cinco anos depois do 25 de Abril, o deputado do CDS-PP considerou que o tempo presente é de mudança, evocando o fundador do partido Adelino Amaro da Costa para salientar que “a moderação na política se serve da mudança para evitar a rutura”.

“Quem não se servir de abertura à mudança, escancara as portas ao extremismo e pode bem ser empurrado para a rutura”, advertiu, afirmando que o CDS-PP quer comprometer-se com a mudança e protagonizá-la “com valores humanistas”.

Perante um futuro em que da Europa chegam “ventos de mudança”, o CDS-PP afirma-se “contra o desaparecimento do Estado” e quer ter uma palavra a dizer sobre a “eventual criação de impostos europeus”, disse.

“E nunca esquecer que um imposto é sempre arrancado à pertença do outro: para que seja aceite tem de ser moderado e bem canalizado”, sustentou.

Ainda sobre o projeto europeu, a cerca de um mês das eleições europeias, marcadas para 26 de maio, o deputado deixou as prioridades do partido: "Devemos encorajar o investimento e o dinamismo empresarial, requalificar as competências na era digital" e "promover a concorrência, cuja ausência afeta o preço suportado pelas famílias, mas também a robustez das empresas nacionais".

No início do seu discurso, Anacoreta Correia disse que se cumprem 45 anos “do início do processo democrático que viria a consolidar-se no dia 25 de Novembro de 1975”, referindo que a duração do regime democrático se aproxima da idade do regime que o antecedeu, 48 anos.

“Estaremos nós hoje atentos às mudanças que se preparam? Desejaremos nós as mudanças que nos põem em questão?”, questionou Anacoreta Correia, identificando a globalização, o envelhecimento da população e as alterações climáticas como “desafios de grande dimensão” que “obrigam a mudar de vida”.

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