António Costa falava em Lisboa no jantar comemorativo da "Revolução dos Cravos" promovido pela Associação 25 de Abril, depois da intervenção do presidente desta entidade, Vasco Lourenço, e antes do discurso final do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
As primeiras palavras do líder do executivo tiveram um caráter pessoal, dizendo que a sua geração "foi a primeira que cresceu e se tornou adulta em liberdade e em democracia".
"Essa é uma gratidão que nunca poderemos esquecer", acentuou.
António Costa falou, depois, do "parto difícil" que teve a democracia portuguesa após o 25 de Abril e defendeu que hoje se verifica uma reconciliação entre quem se separou no período revolucionário.
"Felizmente, olhando aqui em volta da sala, vejo hoje de novo reunidos muitos de quem os primeiros anos de Abril separou. Isso é uma das grandes forças que o 25 de Abril tem, porque depois desse momento difícil houve uma grande unidade. Há uma enorme reconciliação nacional que só é possível graças ao 25 de Abril", sustentou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro considerou que desenvolvimento e a democracia, dois dos três "dês" de Abril, são aspirações sempre inacabadas, o mesmo tem acontecendo com o "d" da descolonização.
"Mesmo tendo sido encerrada formalmente a descolonização, a verdade é que há um enorme desafio de reinventarmos a relação com esses povos irmãos que se libertaram com a nossa própria liberdade e que comungam connosco uma língua, um passado, uma cultura e uma vontade de afirmação no mundo", justificou.
António Costa tirou também uma conclusão sobre as consequências do 25 de Abril de 1974.
"Olhando para trás 45 anos, que ninguém tenha dúvidas de que é impossível ver o país que éramos. Isso é algo que todos nós devemos profundamente orgulhar. Não reconhecermos o país que éramos é a maior vitória que podemos ter", defendeu.
Antes, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, leu uma mensagem dos membros da sua entidade em que pediu aos governantes para "manterem os objetivos de justiça social e resistirem à pressão dos falcões", numa alusão às correntes neoliberais.
Vasco Lourenço alertou ainda para os perigos resultantes de fenómenos populistas, com o aparecimento de "novos ditadores e usurpadores da liberdade dos respetivos povos".
"Cada vez mais estão a pôr as garras de fora por esse mundo fora. Sabemos que a memória dos povos é curta e que, perante novas dificuldades, rapidamente se esquecem anteriores desventuras. Também porque aconteceu Abril e foi esconjurado o espetro do medo, Portugal continua a não ser presa fácil para esses populismos", sustentou.
[Notícia atualizada às 22h36]
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