Essa área pedonal situa-se em frente à Câmara Municipal, que esta sexta-feira à noite também passou a exibir iluminação especial nas janelas da sua fachada principal, procurando evocar, em diferentes tonalidades, o arco-íris que se tornou um símbolo internacional de esperança na luta contra o vírus SARS-CoV-2.
Os cravos dispostos pela praça têm cerca de dois metros de altura, são feitos essencialmente de esponja e, segundo explica a autarquia, cada uma dessas flores "representa um munícipe que partiu, vítima da covid-19".
A iniciativa constitui assim uma "singela homenagem às suas famílias", num dia que, embora celebrando a memória feliz dos 46 anos da Revolução do 25 de Abril, também representa "um momento difícil" para as famílias enlutadas do concelho - até porque, devido às restrições sociais impostas pela doença, as respetivas cerimónias fúnebres não puderam realizar-se nos moldes tradicionais.
As 35 flores refletem, por sua vez, o número exato de mortos que a Câmara Municipal de Ovar contabilizava esta sexta-feira à noite no seu balanço diário da evolução epidemiológica local da Covid-19.
No universo de 55.400 habitantes do concelho, o boletim da autarquia indicava ainda 655 cidadãos infetados pela doença, mais 121 casos, portanto, do que o número apontado na mesma altura pela Direção-Geral da Saúde.
Quanto aos cravos envolvidos nesta homenagem póstuma, foram concebidos pelo grupo carnavalesco local "Garimpeiros", que fabricou as primeiras flores nesse estilo para as celebrações municipais dos 40 anos do Dia da Liberdade, em 2016, e esta semana criou novos exemplares para recordar os óbitos locais provocados pela pandemia - o primeiro dos quais assinalado a 19 de março.
Fonte dessa organização vareira afirmava esta madrugada: "Há trabalhos que marcam. Este será um deles. Ficará para sempre na nossa história".
O grupo de carnaval "Não Precisa" também esteve envolvido na instalação desses adereços, cuja constituição recorre sobretudo a peças em esponja de diversas cores, cortes e espessuras.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou quase 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 200.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 736.000 foram já dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados registaram-se a 02 de março, o último balanço da DGS indicava 854 óbitos entre 22.797 infeções confirmadas. Desses doentes, 1.068 estão internados em hospitais, 1.228 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
Em 17 de março, foi decretado o estado de calamidade pública em Ovar, o que no dia seguinte impôs ao concelho uma cerca sanitária com controlo e entrada de saídas, e suspensão da maioria da atividade económica. Ambas as medidas foram levantadas às 23:59 do dia 17 de abril.
Todo o país está desde 19 de março em estado de emergência nacional, o que vigorará pelo menos até às 23:59 do próximo dia 02 de maio.
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