“Estavam as pessoas todas com máscara, o problema é que termos menos autocarros. Deviam pôr os autocarros que tiraram que era para as pessoas não andarem tão juntas”, afirma Lurdes Moderna, depois de ter viajado, a partir do concelho de Odivelas, nos autocarros da Carris até chegar à rede do Metropolitano de Lisboa, para se deslocar ao local de trabalho.

Na estação de metro do Marques de Pombal, à espera do próximo comboio, Lurdes Moderna conta que, à semelhança de hoje, “há uns dois meses” que usa máscara e viseira para se proteger do risco de contágio da covid-19, mas continua a sentir medo de usar os transportes públicos, porque “há pessoas que pensam que isto é uma brincadeira”.

No Metropolitano de Lisboa, a afluência de passageiros, pelas 08h30, é reduzida, o que permite cumprir a lotação máxima de dois terços da sua capacidade. Na estação do Marques do Pombal, na linha em direção à Reboleira, a maioria das carruagens é ocupada com três ou quatro pessoas, garantindo a distância de segurança.

Sem alternativas ao uso do transporte público, Lurdes Moderna queixa-se da falta de oferta, situação que diz que se verifica nos autocarros da Carris.

“Carrego o cartão para depois irmos superlotados, isto não é justo, se é para termos uma distância”, contesta a utente, referindo que o autocarro da carreira 202 que costumava utilizar foi suprimido.

A caminho do trabalho, percurso que não deixa de fazer durante o estado de emergência devido à Covid-19, Fátima Monteiro apoia a medida de uso obrigatório de máscaras, para “proteger uns aos outros”, até porque é asmática, integrando o grupo de risco.

Com o desconfinamento, a utente sente que “os transportes cada vez estão mais cheios”, enquanto “a semana passada estava mais vazio”. Apesar de se encontrar no Metro, as críticas vão para a rodoviária Carris.

“Hoje vim no [autocarro] 706 e vinha carregadinho de gente”, aponta Fátima Monteiro, considerando que “não há assim muita confiança” na utilização dos transportes públicos.

Além da lotação, a utente alerta que é preciso desinfetar os transportes sempre na última paragem, porque “se depois segue com outras pessoas, os micróbios vão todos lá dentro”.

A deslocação para o trabalho não dá para ser feita a pé e, sem outras opções, Fátima Monteiro continua a usar os transportes públicos.

Na estação de metro do Jardim Zoológico, Viviane Pedro é utente frequente dos transportes públicos, aceita as novas regras e até marca a diferença com uma máscara personalizada em tons de azul e rosa com pequenas flores, costurada pela mãe e reutilizável.

“Mesmo no trabalho, também, já estávamos a utilizar máscara antes de ser obrigatório”, refere Viviane Pedro. A jovem vive na margem Sul, no distrito de Setúbal, e todos os dias desloca-se até Lisboa para trabalhar.

Por enquanto, o relato da utente é de que existe respeito pelas novas regras, com todas as pessoas a usar máscara e “cada pessoa respeita um metro de distância”.

“As pessoas estão mesmo preparadas”, considera.

Quanto às coimas entre 120 e 350 euros por incumprimento, a utente defende que “é demasiado”, mas concorda que “haja alguma penalização” para quem não respeite o uso obrigatório de máscara.

A manhã de hoje marca, também, a “primeira vez” que Cristina Cruz usa os transportes públicos desde a situação de pandemia, numa viagem para ir trabalhar.

“Pelo que vi até agora, que só vim de Odivelas, está tudo a ser cumprido”, avança a utente, falando junto à estação do Jardim Zoológico, mostrando confiança na utilização dos transportes coletivos.

“Poderia vir de carro, mas é muito mais fácil vir de transportes, porque sai muito mais dispendioso ir de carro, portanto uso os transportes”, sustenta Cristina Cruz, que trabalha numa loja em Benfica.

Apesar do cumprimento das regras ser generalizado, há quem arrisque e desrespeite o uso obrigatório de máscara.

Sem qualquer proteção individual no interior da estação de metro do Jardim Zoológico, Filipe Cardoso conta que se esqueceu da máscara em casa e não tenciona comprar hoje nas máquinas de venda, comprometendo-se a trazê-la nas próximas viagens.

“Por precaução, ainda concordo, o uso de máscara, luvas, pelo menos por agora até estabilizar tudo”, refere Filipe Cardoso, acrescentando que, em relação à multa, o valor é excessivo, porque diz que “a máscara custa 0,25 cêntimos a um euro e a multa é 120 euros”.

Os transportes públicos começam hoje a circular com lotação máxima de dois terços da sua capacidade e os utentes têm de usar obrigatoriamente máscaras ou viseiras, devido à pandemia da Covid-19, prevendo-se coimas entre 120 e 350 euros.