O programa pretende homenagear todos os estudantes envolvidos na crise académica de 1969, que começou em 17 de abril daquele ano, quando Alberto Martins pediu a palavra, perante uma comitiva de dirigentes do Estado Novo.

A organização da iniciativa é presidida pela Associação Académica de Coimbra (AAC), contando com a parceria da Universidade de Coimbra, da Câmara de Coimbra, da Fundação Inatel e da Turismo do Centro.

As comemorações arrancam na terça-feira, com o concerto dos UHF de tributo a José Afonso, no Convento São Francisco, e tem, no dia seguinte, alguns dos momentos mais solenes do programa, com a cerimónia evocativa, na Sala 17 de Abril, onde 50 anos antes Alberto Martins pediu a palavra.

Nesse mesmo dia, haverá o descerrar da placa evocativa dos 50 anos da crise e a apresentação de um conjunto escultórico, junto às Escadas Monumentais, intitulado "Peço a Palavra!".

A 20 de abril, no jogo da segunda liga entre a Académica e o Mafra, haverá uma recriação da Final da Taça de Portugal de 1969, com os jogadores do Organismo Autónomo de Futebol a entrarem em campo de capa aos ombros e com a exibição de tarjas nas bancadas com as palavras de ordem usadas naquele ano, explicou o presidente da AAC, Daniel Azenha, durante a conferência de imprensa de apresentação do programa.

No Largo Dom Dinis, no dia 28, haverá outra recriação histórica, esta em torno da "repressão e cerco à Universidade de Coimbra pela Guarda Nacional Republicana".

No dia 23, o presidente da direção-geral da AAC de 1969, Alberto Martins, vai apresentar em Coimbra, na Sala 17 de Abril, o livro "Peço a Palavra - Coimbra 1969", seguindo-se, à noite, a gala comemorativa dos 50 anos da crise académica, com a atribuição do estatuto de associados honorários da AAC aos membros dos órgãos sociais daquele ano.

Associados às comemorações estão ainda vários concertos e espetáculos do ciclo do Convento São Francisco "Somos Livres", bem como o Dia da Cidade de Coimbra, a 04 de junho, o Baile de Gala da Queima das Fitas (que terá referências à crise académica), e o cortejo da Festa da Latas, a 06 de outubro.

Também presente na conferência de imprensa, o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, salientou que este é "um momento verdadeiramente marcante para a cidade e para a academia", ao se homenagear a geração de 1969, que deixou um património "de valor imaterial incalculável".

"Vai ficar mesmo gravado em pedra, para que não se esqueça", vincou o presidente da Câmara, Manuel Machado, considerando o 17 de abril de 1969 "a maior manifestação estudantil que ocorreu em Portugal" e que gerou a semente para o 25 de Abril.

A 17 de abril e fora do programa oficial, está também agendada uma sessão "não oficial" no anfiteatro do Museu da Ciência, intitulada "Orgulho do 17 de Abril", aberta "a todos os que, em 1969, levantaram cartazes, reuniram nas faculdades, se sentaram na relva da Associação, fizeram greve, largaram balões, entregaram flores, conheceram as celas da penitenciária, foram à final da Taça ou simplesmente, na curva de céus vários, pressentiram que os tempos estavam a mudar".

A 17 de abril de 1969, perante uma comitiva do Estado Novo, encabeçada pelo na altura presidente Américo Thomaz, na inauguração do edifício das Matemáticas, na Alta de Coimbra, Alberto Martins afirmou: "Em representação dos estudantes da Universidade de Coimbra, peço licença a vossa excelência para falar nesta sessão".

O pedido de palavra não foi aceite e Alberto Martins seria detido essa noite. Seguiram-se várias iniciativas de contestação estudantil, nomeadamente manifestações e greve aos exames, a que o Governo respondeu com prisões e a incorporação compulsiva dos estudantes nas forças armadas, para combaterem na Guerra Colonial.

O reitor da Universidade de Coimbra e o ministro da Educação acabaram por se demitir.

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