Alexandre Fonseca falava num encontro com jornalistas sobre as preocupações do operador relativamente à quinta geração (5G).

“Se estamos na iminência de continuarmos a ter um ambiente regulatório que tem vindo a avolumar a sua hostilidade para com o setor” e um regulamento do leilão de 5G “em cima da mesa que é um verdadeiro atentado do ponto de vista legal às regras de concorrência que vivemos”, então terá de haver um reequacionamento do investimento, referiu.

“Quando digo que vamos reequacionar, sim, vamos ter de reequacionar se continuaremos níveis de investimento” na ordem dos 500 milhões de euros, “que são dos maiores níveis de investimento do nosso país, e vamos ter que reequacionar todos os projetos, incluindo o 5G”, afirmou o gestor.

“Vamos ter que perceber qual será o nosso papel no 5G”, acrescentou, sem avançar se a dona da Meo admite comprar mais ou menos espectro.

“Obviamente que todos os cenários estão em cima da mesa e terão de ser analisados financeiramente”, asseverou Alexandre Fonseca.

“E, claro, seria mais um vexame para Portugal, era inconcebível que o leilão em Portugal fosse também ele, apesar de todos estes atrasos e estes problemas, um ‘flop’ do ponto de vista de participação e de atribuição de espectro”, considerou o presidente executivo da Altice Portugal.

A empresa “primou desde o primeiro dia quando assumi estas funções por trabalhar com todos os colaboradores, estarmos ao lado de todos e, acima de tudo, fomos capazes nestes três anos de construir aquilo que nós próprios aqui dentro chamamos a ‘família Altice’, contando com todos”, prosseguiu.

A realidade “é que, no entanto, este é o momento em que tudo tem que ser reequacionado e, claramente, que a rentabilidade e a sustentabilidade da organização do todo serão sempre mais importantes do que casos particulares. Não nos compete a nós colocar em causa – e não o estamos a fazer, que fique claro – a continuidade daquilo que são as estruturas e daquilo que são os postos de trabalho do grupo Altice”, salientou.

“A nossa intenção e a nossa vontade é continuar a manter, como até agora temos feito, esta nossa estrutura, esta nossa ‘família’, esta nossa proximidade aos nossos colaboradores”, acrescentou Alexandre Fonseca.

“Se o ambiente mudar, se nos obrigarem a tomar medidas mais difíceis, os recursos humanos serão sempre o último ponto onde nós iremos obviamente mexer, mas não sei”, porque não há previsão, sobre “o que vai acontecer com este leilão” como sobre as regras que vão ser colocadas e sobre os “impactos que possam ter na nossa rentabilidade”, afirmou.

“Uma coisa vos digo: antes de proteger o que quer que seja, temos que proteger aquilo que é a sustentabilidade da empresa”, considerou, rejeitando fazer “cenários dantescos, negros”, pois “já está suficientemente negro o ambiente relativamente ao tema do 5G e do regulamento”.

Por isso, “a seu tempo tomaremos as decisões que forem necessárias para garantirmos a sustentabilidade e a continuidade das nossas operações”.