Nas últimas semanas instalou-se a polémica depois de uma 'cópia' da tradicional Camisola Poveira, peça de vestuário típica da comunidade piscatória local, ter sido lançada na coleção da estilista norte-americana Tory Burch, e inicialmente promovida com uma peça de inspiração mexicana.

Pressionada pela atenção mediática entretanto gerada, a 'designer' admitiu o erro, alterou a descrição da peça de vestuário à venda no 'site' por 695 euros e, nas redes sociais, deixou um pedido desculpas pelo sucedido, comprometendo-se a estabelecer um protocolo com o município poveiro para apoiar as artesãs locais.

Diz o Jornal de Notícias que a polémica "trouxe ao de cima o orgulho poveiro", dando nova vida a uma peça que estava a cair em desuso. Depois de o Presidente da câmara da Póvoa de Varzim apostar na promoção da Camisola Poveira como "uma ode à história e herança cultural do concelho" e, também, "uma forma de valorizar e dignificar o trabalho meritório desenvolvido pelos artesãos locais há mais de 150 anos", através da possibilidade de encontrar esta peça à venda na plataforma eletrónica Marketplace 'É Bom Comprar Aqui!', as encomendas chegaram de todo o mundo.

De acordo com dados avançados pelo jornal, as encomendas dispararam e já foram recebidos mais de 300 pedidos em 15 dias, incluindo de países como a Suécia, Noruega, Canadá e Estados Unidos.

Depois da polémica, as boas notícias para o património português

A 26 de março, o Estado Português, através do Ministério da Cultura, anunciou que pretendia acionar meios judiciais para combater a "apropriação abusiva" da Camisola Poveira, por parte de uma estilista norte-americana.

"A ministra da Cultura, Graça Fonseca, tomou a iniciativa de solicitar a identificação das vias judiciais e extrajudiciais ao dispor do Estado português para defender a Camisola Poveira enquanto património cultural português", pode ler-se num comunicado emitido pelo ministério.

No mesmo texto, a tutela garantia fazer “o que estiver ao seu alcance para que quem já reconheceu publicamente o seu erro não se demita das suas responsabilidades e corrija a injustiça cometida, compensando a comunidade poveira".

Quanto à venda das camisolas online, a autarquia informou que a Camisola Poveira, "um artigo especial e único, fabricado à mão e de forma artesanal",  está disponível para venda, nacional e internacional — e a plataforma pretende aproximar "comerciantes e consumidores".

"Esta iniciativa promovida pelo município da Póvoa de Varzim, com o apoio da Junta de Freguesia da Póvoa de Varzim, Beiriz e Argivai e da Associação Amigos do Museu, visa criar uma plataforma que reúne, num só espaço e à distância de um simples clique, os artesãos poveiros que produzem a Camisola Poveira e os clientes que têm interesse em adquirir um modelo original", explicou a Câmara da Póvoa de Varzim.

A receita das vendas "reverte a 100% para os artesãos responsáveis pela produção dos modelos vendidos". Com cerca de 50 horas de trabalho envolvidos, cada camisola original tem um custo de 80 euros.