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A conferência começou esta segunda-feira, mas já na semana passada foram dados passos importantes para a realização da mesma, concretamente com a Cimeira de Líderes, onde foram identificados os principais pontos de negociação para que os compromissos possam sair dos papéis e se concretizem em planos concretos.
A COP30 acontece também após um dos anos mais quentes de que há registo e a ONU diz que as emissões de gases com efeito de estufa farão com que as temperaturas globais ultrapassem o limite de 1,5 °C de aquecimento, muito provavelmente na próxima década.
Serão cerca de 50 mil pessoas — entre diplomatas, líderes, ativistas, cientistas e empresários — que vão marcar presença na COP30 e os três principais pontos de discussão serão:
- Acelerar a transição energética;
- Ampliar o financiamento climático;
- Proteger as florestas tropicais.
Mas afinal o que é a COP30?
É a 30ª conferência do clima da ONU, onde se reúnem as principais líderes mundiais para debater e procurar soluções para a atual crise climática.
Esta conferência realiza-se anualmente, tendo começado em 1995 e o termo COP é uma sigla, em inglês, que quer dizer Conferência das Partes, uma referência às 197 nações que concordaram com o pacto ambiental da ONU, assinado no início da década de 1990.
O tratado, denominado de Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), tem como principal objetivo estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
O que vai ser discutido nesta conferência?
Os três temas a serem discutidos serão então a transição energética, a adaptação climática e o respetivo financiamento. Para tal, na Cimeira de Líderes, foi já definido um "Mapa do Caminho", expressão essa que pretende definir o caminho político e técnico que vai estabelecer etapas, prazos e responsabilidades de cada país na substituição do petróleo, gás e carvão por fontes renováveis e eficiência energética.
Vai ainda ser discutido o Objetivo Global de Adaptação (GGA), um instrumento que pretende medir o que os países já estão a fazer para tratar dos respetivos impactos do clima. A ideia é perceber quem está a conseguir adaptar-se a estas mudanças e quem está a ficar para trás.
No campo do financiamento será discutido um plano já anteriormente traçado, que procura mobilizar mais de 1,3 mil biliões de dólares até 2035.
Além destes três principais pontos, temas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), o fortalecimento dos mercados de carbono e o debate sobre racismo ambiental também devem ter destaque.
Quais são os resultados esperados?
Passar das declarações de intenção para ações concretas, capazes de recolocar o planeta na rota limite de 1,5°C.
Há 10 anos, quando do Acordo de Paris sobre o clima (COP21), os países concordaram em tudo fazer para limitar o aquecimento global a mais 2ºC em relação à época pré-industrial, e de preferência que não ultrapassasse os 1,5ºC.
Desde então, nas conferências do clima, têm mantido a ambição dos 1,5ºC, embora o valor já tenha sido ultrapassado algumas vezes.
Hoje, na nona e última carta antes da reunião na cidade amazónica brasileira de Belém, o presidente da COP30, o embaixador André Correa do Lago, exortou os países a intensificarem a cooperação e a ação climática para tentar alcançar este objetivo, que já é posto em dúvida pelos especialistas (a meta ser ultrapassada algumas vezes não significa ainda que o planeta já aqueceu 1,5ºC).
“O mundo está numa encruzilhada: permitir que a inércia nos leve ao colapso ou unir-nos com coragem e cooperação para avançar”, afirma Correa do Lago.
De acordo com um relatório divulgado na quinta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura média global entre janeiro e agosto de 2025 foi 1,42ºC superior à da era pré-industrial, 13 centésimos menor do que a de todo o ano de 2024, mas muito próxima do limite de 1,5ºC.
Segundo o organismo ligado às Nações Unidas, apesar da moderação das temperaturas até agora em 2025, “mantém-se a tendência para o aquecimento extremo” e este ano será o segundo ou terceiro mais quente já registado.
“Esta onda invulgar de altas temperaturas, combinada com o aumento recorde das concentrações de gases com efeito de estufa em 2024, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem que as temperaturas ultrapassem temporariamente esse limiar”, admitiu a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
“Manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento em 1,5 °C ainda é possível, desde que a cooperação internacional se concentre em catalisar círculos virtuosos de transformação acelerada”, afirma Correa do Lago.
Quais os principais líderes que vão marcar presença?
Entre os principais que confirmaram e já marcaram presença na Cimeira de Líderes, estão o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o príncipe William, em representação do rei Carlos, também estarão em Belém, tal como o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz.
Donald Trump, presidente dos EUA, não marcará presença, ao passo que Xi Jinping, líder chinês, também não estará presente, mas enviou uma delegação em sua representação. A Índia será outro país que não estará no Brasil, tal como a Argentina.
Luís Montenegro, primeiro-ministro de Portugal, será outros dos que estará em Belém.
Há já polémicas?
Sim, sobretudo pelo facto dos líderes dos Estados Unidos, da China e da Índia, os três maiores poluidores do mundo, não participarem na COP30.
Outra polémica diz respeito ao local escolhido para a conferência a cidade de Belém, na Amazónia.
Este local é considerado extremamente vulnerável às alterações climáticas: 40% do território fica abaixo do nível do mar e a maioria das pessoas vive em ruas sem árvores. Belém é também uma das regiões mais pobres do Brasil, com a maioria dos seus 2,5 milhões de habitantes a viver em favelas.
Surgiram já queixas sobre a escassez de alojamento a preços acessíveis antes da cimeira, sendo que alguns inquilinos despejaram moradores para tentarem lucrar com quem visita Belém no âmbito da COP30.
Houve também uma outra polémica devido a alegações de que uma parte da floresta amazónica teria sido desflorestada para construir uma estrada para melhorar o acesso às negociações internacionais. Também neste palco da Amazónia, o governo brasileiro também foi criticado por ter aprovado recentemente a perfuração de petróleo perto do rio Amazonas.
Como Portugal chega à COP30?
Portugal chega a Belém com um Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) revisto, diz o governo de Luís Montenegro.
Um plano "mais ambicioso, que fixa metas de 55% de redução de emissões face a 2005 e de 51% de energias renováveis no consumo final de energia, e com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica como referência para o planeamento e investimento público e privado".
Além disso, o Governo português apresenta-se "com uma estratégia climática consolidada e reconhecida internacionalmente. Portugal foi um dos primeiros países a definir esse objetivo para 2045 e tem vindo a acelerar a transição energética através da aposta em fontes renováveis, eficiência e inovação tecnológica. Mais de dois terços da eletricidade consumida no país provêm já de energias limpas — uma das maiores percentagens na União Europeia — e as metas nacionais continuam a aumentar em ambição, com o objetivo de atingir 85% de eletricidade renovável até 2030".
Portugal "combina esta transição energética com políticas de justiça social e territorial, centradas no combate à pobreza energética, na reabilitação sustentável das habitações e na promoção de comunidades de energia. Simultaneamente, Portugal reforça a adaptação às alterações climáticas, através de uma gestão integrada dos recursos hídricos, da prevenção de cheias, da proteção costeira e do restauro de ecossistemas naturais. Estas medidas são acompanhadas por programas de investigação e inovação que envolvem universidades, empresas e municípios em soluções práticas e replicáveis".
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