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Ao todo existem 286 painéis na COP30, que decorre até ao dia 21 de novembro em Belém e começou na passada segunda-feira dia 10. Contudo, para Alexandra Azevedo, presidente da direção nacional da Quercus, organização parceira do 24notícias, a discussão sobre a transição alimentar parece não ter protagonismo. "Fala-se de agricultura em vários painéis, mas a alimentação nem tanto e é um dos principais problemas da atualidade no que diz respeito ao ambiente e até à saúde", diz em entrevista.

Fora do COP, e das respetivas representações diplomáticas, existem outros eventos paralelos que não esquecem este tipo de temáticas e à semelhança das manifestações que aconteceram com as comunidades indígenas, muito afetadas pela ocupação da Amazónia por interesses económicos, outras organizações mais pacíficas, trazem o tema da alimentação para o espaço da conferência climática com pequenas manifestações nomeadamente sobre o veganismo.

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"A transição alimentar é um tema ausente da agenda, não estou a dizer que devemos ser todos veganos, mas deve haver uma mudança iminente dos nossos hábitos alimentares até porque estamos a perverter as tradições, em especial no que diz respeito ao consumo de carne hoje consumida em demasia", refere Alexandra Azevedo.

A presidente da Quercus esteve hoje no Pavilhão de Eventos Paralelos onde este tema foi relativamente falado, mas nunca com imensa profundidade, sendo que o foco é sempre mais a produção e não tanto os hábitos alimentares, apesar da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) ter vários relatórios que indicam que este assunto deve fazer parte da agenda climática.

"É um assunto que enfrenta o agronegócio"

Apesar da CAN (Climate Action Network), parceira da Quercus, ter produzido um relatório para o tema da alimentação ser colocado na agenda da COP30, este não parece que tenha sido feito porque, segundo Alexandra Azevedo, é "um assunto que enfrenta o agronegócio" um pouco por todo o mundo e particularmente no Brasil "onde se está a comer a Amazónia" com um enorme peso na economia brasileira onde os fazendeiros "matam pessoas, matam índios, para estes saírem daqueles territórios e abaterem a floresta".

"Não se vai lá com folhetos sobre alimentação saudável, é preciso ação", salienta a responsável.

Segundo os relatórios mais recentes da FAO o metano, é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa, dentro deste quantitativo, 32% tem origem na pecuária.

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Segundo a responsável isto são apenas as contas feitas à produção de gado, se a isto se juntar o transporte e o consumo de energia na produção e distribuição certamente que o dano alimentar será ainda maior e por isso esta não pode ser uma conversa que não existe na COP30.

"A principal preocupação é que não estamos a fazer a redução necessária e estamos a consumir cada vez mais energia e a alimentação também vai ter de entrar nesta conversa", refere a responsável que sublinha que este é um tema que está a ser mais trazido pela sociedade civil presente na grande conferência do clima.

"Tal como no caso dos indígenas, são pessoas que além de quererem protestar contra problemas ambientais e chamar a atenção dos governos para os mesmos querem ser parte da resolução do problema e dizer: Isto está a acontecer!", termina.

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