Em contagem decrescente, são dezenas as máquinas que operam diariamente nos cerca de 100 hectares que compõem o Parque Tejo-Trancão, nos concelhos de Lisboa e de Loures, e que em agosto serão ocupados por milhares de jovens peregrinos vindos de todo o mundo.

Como constatou a Lusa no local, tanto do lado de Lisboa como de Loures ultimam-se ainda os trabalhos de terraplanagem dos terrenos, de forma a abrir caminhos e criar as condições para que ali sejam instaladas infraestruturas sanitárias, de água, de eletricidade e de internet.

Do lado de Lisboa, onde a maioria dos talhões (cada um equivalente a um campo de futebol) já se assemelha a um prado verde, decorre também a construção de uma ponte pedonal e ciclável, que unirá as duas margens do Trancão, e do altar-palco, cujo projeto teve de ser revisto e redimensionado, devido às críticas em relação ao valor.

A ponte ciclável, da responsabilidade da EMEL (Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa), representa um investimento de 4,2 milhões de euros e deverá estar concluída em maio, segundo perspetiva a Câmara de Lisboa.

Já o altar-palco, orçamentado inicialmente em 4,2 milhões de euros, irá ter um custo total de 2,9 milhões de euros.

Um dos projetos que foi equacionado, mas que acabou por ser descartado pelas Câmaras de Lisboa e Loures, foi a colocação de uma ponte militar, que representaria um investimento de cerca de um milhão de euros, suportado a meias pelos dois municípios.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), explicou que seria uma infraestrutura “desnecessária” e de “uma exigência grande em termos de investimento”.

“Seria um investimento que teria de ser desfeito no dia a seguir ao evento. Portanto, tudo ponderado optou-se por não avançar”, justificou.

Na semana passada, também em declarações à Lusa, a vice-presidente da Câmara Municipal de Loures, Sónia Paixão (PS) já tinha adiantado que este projeto seria descartado, alegando que não justificaria o investimento.

Sobre os trabalhos que decorrem no Parque Tejo-Trancão do lado de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia fez um balanço “muito positivo”, prevendo que estes possam estar concluídos “até antes do inicialmente previsto”.

“Acreditamos que, no final deste mês, esta empreitada, da terraplanagem, da preparação das infraestruturas de todo este imenso terreno esteja concluído. Depois, há outras obras. Há o altar. Nós acreditamos que, muito antes da Jornada Mundial da Juventude começar, nós teremos todas as obras concluídas”, perspetivou o autarca.

No entanto, o responsável pelo pelouro da JMJ na Câmara de Lisboa destacou a “dimensão” e “exigências” dos trabalhos, adiantando que as empreitadas “mais estruturais” estão adjudicadas e em processo de conclusão.

“Digamos que, da parte da Câmara, no trabalho essencial, fazemos uma avaliação francamente positiva. Agora é preciso o evento acontecer. É preciso ligar as peças todas e esta é uma altura que o nervo começa a vir ao de cima e nós temos a noção que este evento obriga a uma mobilização total”, apontou.

Apesar de ressalvar que confia “no trabalho das outras entidades”, o vice-presidente da Câmara de Lisboa manifestou-se “ansioso” com a divulgação dos planos de mobilidade (já foi apresentada a primeira de três fases), de saúde e de segurança, da responsabilidade do Governo, para ultimar “outros pormenores”.

“É preciso responder na área da saúde, dar respostas na área da mobilidade. Não podemos estar com improvisos. E nós, na Câmara de Lisboa, estamos também ansiosos por ver essa resposta e essa concretização”, sublinhou.

Na margem norte do Trancão, do lado de Loures, os trabalhos nos 75 hectares do recinto arrancaram no início do mês e, segundo disse à Lusa a vice-presidente da Câmara Municipal de Loures, Sónia Paixão, “decorrem a bom ritmo”, perspetivando-se que estejam concluídos em junho.

“Estamos num processo de desmatação, de nivelação dos terrenos. A preparar tudo para ficar com as condições necessárias para o acolhimento dos peregrinos. Vão ser feitos os setores e os caminhos. Estamos a falar de mais de 50 setores que serão aqui desenhados”, descreveu a autarca.

Sónia Paixão explicou que, do lado de Loures, os trabalhos são de “escassa complexidade técnica” e que, por isso, “os 90 dias são o prazo suficiente para garantir a sua execução”.

“A empresa que está contratada colocou aqui um conjunto muito significativo de meios. Estamos a falar de mais de 30 camiões, mais de 30 máquinas, num total de 70 homens, que estão aqui diariamente. É uma obra que se vai realizar ininterruptamente”, sublinhou.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto deste ano, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.

O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJLisboa2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus. Este gesto marcou a abertura mundial das inscrições para o encontro mundial de jovens com o Papa.

Até ao momento já iniciaram o processo de inscrição mais de meio milhão de jovens.