"A Dra. Marta Temido decidiu cessar funções, eu respeito a decisão que tomou e quero agora expressar um agradecimento ao trabalho que foi desenvolvido ao longo dos anos. Foi uma missão desafiadora por causa da pandemia", começou por dizer António Costa ao jornalistas, esta tarde, no Palácio de S. Bento. "Agora iremos prosseguir com o programa do Governo e com o compromisso que temos com os portugueses", acrescentou o primeiro-ministro.

“Não me senti em condições de não respeitar e não aceitar o pedido desta vez”, respondeu aos jornalistas. “Como é sabido, a doutora Marta Temido entendeu que devia apresentar a sua demissão. Teve a oportunidade de me explicar as razões pelas quais entendia que tinha chegado o momento de cessar funções. Respeito a avaliação que faz, a decisão que tomou”, disse, sem adiantar em que outras situações a ministra terá pedido a demissão.

Questionado se o trágico acontecimento quanto à morte da mulher grávida na transferência entre hospitais terá sido a razão pela saída da ministra, Costa respondeu que "ser ministro é uma função muito desgastante, sobretudo para quem enfrentou dois anos de pandemia e por isso creio que alguém estabeleça como linha vermelha a morte de alguém", deixando no ar a ideia que terá sido este caso a motivar a decisão da ministra. "Foi apresentado o pedido e penso que não devia recusar", disse Costa.

No que se refere a quem vai substituir a ministra na pasta da Saúde, António Costa reconheceu que "não estava à espera" e como tem "a agenda muito preenchida até ao final da semana, por causa da visita a oficial a Moçambique", só poderá debruçar-se sobre o assunto posteriormente.

Contudo, Costa sublinha que seria "muito importante que fosse a atual ministra a apresentar o diploma do reforço do SNS ao Conselho de Ministros. o Presidente da República disse que era muito importante não se perder tempo nesta altura, portanto, vamos concluir esse trabalho e depois pensamos na substituição", continuou. "Não deve ser limitativo quanto ao género, logo se verá. Não estava a contar com esta mudança, por isso, preciso de tempo para pensar", concluiu.

Relativamente às reações da oposição, Costa responde que "a oposição tem sempre alguma coisa para dizer e raras vezes diz coisas originais", frisando que a saída da ministra não implica a mudança da política do Governo para a saúde.

“Achei graça até ver os principais críticos do Governo a dizer que o que importa é a mudança de políticas. Quem quer mudança de políticas tem que derrubar o Governo”, respondeu António Costa aos jornalistas.

Segundo o primeiro-ministro, “este Governo tem as políticas que constam do programa de Governo e este programa de Governo é o que foi legitimado pelo voto dos portugueses".

“A mudança de membros do Governo é uma mudança de personalidade, é uma mudança de energia, é uma mudança de estilo. São mudanças, mas não são mudanças de política. As políticas são do Governo”, explicou.

O mesmo se passa com os diplomas do executivo, segundo António Costa, que “não são da ministra A ou da ministra B”, mas sim do Governo.

“Este decreto-lei [que regula a nova direção executiva do SNS] será aprovado por este Governo. Agora é natural, é desejável que quem o preparou, quem o trabalhou, quem o tem negociado com os outros membros do Governo, seja quem o apresente, o defenda no Conselho de Ministros”, afirmou.

O primeiro-ministro adiantou ainda que o pacote de medidas de resposta à crise apontado para setembro terá as suas medidas aprovadas no Conselho de Ministros extraordinário da próxima segunda feira.