Associações feministas e sindicatos marcham hoje em 12 cidades portuguesas.

Em Portugal, a iniciativa já acontece de 2019, indo para sua quinta edição.

Debaixo de chuva, as milhares de pessoas que se juntaram junto à Fonte Luminosa não arredaram pé e vincaram a sua presença com cartazes, palavras de ordem e tambores.

À Lusa, Patrícia Vassalo e Silva, do Coletivo Por Todas Nós, disse que o Dia Internacional da Mulher não serve apenas para celebrar que são “mulheres, rosas e muito bonitas”.

“É um dia para mostrarmos que queremos direitos iguais [aos homens], desde a saúde, salários e habitação”, realçou.

Também, segundo Patrícia Vassalo e Silva, pretende-se mostrar que as mulheres, em clima de guerra, como na Ucrânia e no Irão, são “as mais atacadas”.

“Há muita discriminação. Posso falar nas questões LGBT, por exemplo. Mulheres trans [transexuais] é terrível. É um tema, como sabemos, no qual as pessoas gostam de mostrar o seu ódio”, sublinhou.

Para a ativista, há também mais discriminação pública, porque as pessoas “deixaram de ter medo de falar”, demonstrando esse ódio na rua.

No entanto, por sua vez, a porta-voz do Coletivo Por Todas Nós considerou que as marchas pelos direitos das mulheres têm cada vez mais adesão.

“Há mais gente a querer ser mais ativista, há mais mulheres querer fazer parte, homens também, pessoas não binárias… Acho que nisso é positivo. Estamos mais na rua”, afirmou.

Colorindo a marcha da Greve Feminista Internacional com guarda-chuvas e com bandeiras do Irão, em referência ao regime de Ebrahim Raisi, as pessoas sublinhavam sempre que “as mulheres têm os mesmos direitos dos homens”.

Aos jornalistas, no meio dos participantes da marcha, surgiu a coordenadora do BE, Catarina Martins, que disse que “o maior problema de segurança em Portugal é a violência contra as mulheres”.

“É o maior perigo da nossa sociedade”, salientou, referindo que, além disso, “as mulheres continuam a ganhar menos” do que os homens.

Para Catarina Martins, é “importante continuar na rua”, lembrando as mulheres do Irão que têm mantido as manifestações contra a repressão do presidente Raisi.

“Está tanto por fazer para garantir a igualdade e para garantir que as mulheres são respeitadas”, sublinhou.

Catarina Martins realçou ainda uma nova vaga de jovens mulheres feministas que “levam a igualdade a sério, que não querem ser controladas, que não permitem julgamentos sobre o seu corpo, que exigem ser respeitadas”.

“Estas jovens que saem à rua são um dos momentos mais extraordinários que o país tem”, acrescentou.

Na terça-feira, Cheila Collaço Rodrigues, ativista do núcleo de Lisboa da Rede 8 de Março, dizia à Lusa que a Greve Feminista Internacional servia para “dar visibilidade às violências, às opressões, às desigualdades que as mulheres são alvo numa sociedade desigual, quer as mulheres cis [cisgénero], quer as mulheres trans [transexuais]”.

A greve, que acontece no Dia Internacional da Mulher, vai para a sua quinta edição e decorre hoje nas cidades de Aveiro, Barcelos, Braga, Bragança, Coimbra, Évora, Faro, Guimarães, Leiria, Lisboa, Porto e Vila Real, e, no sábado, em Chaves.