Os protestos começaram na segunda-feira, em resposta à reforma constitucional que visa reformar a lista eleitoral promovida pelo governo francês que, segundo os líderes do povo autóctone kanak, diluirá a sua influência nas instituições do território.

Os distúrbios, com episódios de saques, incêndios e tiroteios, deixaram cinco mortos e levaram o governo francês a decretar um estado de urgência e a enviar tropas para o território.

"O estado de urgência permitiu, pela primeira vez desde a segunda-feira, regressar a uma situação mais tranquila e pacífica em Noumea [a capital do arquipélago], apesar dos incêndios de uma escola e de duas empresas", informou o Alto Comissário da República em comunicado.

Na quinta-feira, as autoridades reportaram uma quinta vítima relacionada com a crise: um gendarme que foi morto acidentalmente por um colega durante uma missão. Antes disso, foram registados os óbitos de três civis e de outro gendarme que foi baleado.

O representante de Paris no território confirmou a chegada de aproximadamente 1.000 efetivos de segurança na noite de quinta para sexta para reforçar o dispositivo de mais de 1.700 agentes já mobilizados.

O alto comissário ressalvou que, apesar da melhoria, "as medidas de proibição de reunião, de porte de armas e venda de álcool, bem como o recolher obrigatório das 18h às 6h" seguiam vigentes. Também continua proibido o TikTok, a rede social que estaria a ser usada pelos desordeiros.

Situado entre a costa leste da Austrália e as ilhas Fiji, este arquipélago colonizado pela França no século XIX goza de um estatuto especial graças ao Acordo de Noumea de 1998, que permitiu a transferência de numerosas competências de Paris.

Mas o acordo também congelou as listas eleitorais para as eleições provinciais neste território, nas quais só podem participar os eleitores inscritos até 1998 e os seus descendentes.

A reforma proposta por Paris prevê incluir as pessoas radicadas ali há pelo menos dez anos, mas os independentistas consideram que isso vai reduzir a influência do povo originário kanak.

O texto foi aprovado na quarta-feira pela Assembleia Nacional em Paris, mas necessita de ser ratificado numa sessão conjunta das duas câmaras do Parlamento francês para entrar em vigor.