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Diogo Serra Lopes, Secretário de Estado da Saúde, dá conta de que o mês de setembro ultrapassou abril como o mês com mais casos confirmados de infeção desde o início da pandemia. Todavia, o governante salientou que existem camas nos hospitais para dar resposta. Ponto por ponto, o essencial da conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira sobre a situação epidemiológica em Portugal.
A conferência começou com a habitual leitura dos números do último boletim epidemiológico por parte do Secretário de Estado da Saúde, Diogo Serra Lopes. Presente esteve também a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.
- O RT nacional encontra-se neste momento em 1.09. Na região de Lisboa e Vale do Tejo é de 1.02; na região Norte é de 1.18; no Centro a situação é de 1.14; no Alentejo, situação nos 0.86 e, por último, no Algarve, o valor é de 1.15. "São valores muito próximos de um, que indiciam apesar de tudo uma estabilidade na progressão da epidemia, com uma tendência ligeiramente crescente, como se pode verificar pelos números e pela curva, mas mesmo assim com valores bastante inferiores àquilo que já tivemos em meses passados e que se verificam atualmente noutros países", afirmou Graça Freitas.
- Portugal registou em setembro um total de 18.153 casos de infeção. Diogo Serra Lopes afirmou que o mês de abril "era, até agora, o mês com maior número de casos". Todavia, há menos casos em enfermaria e nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
- "O aumento do número de casos não surpreende quando consideramos o retomar progressivo da atividade a que assistimos, não apenas na dimensão económica, mas também em setores como a educação, com o regresso às aulas, ou na saúde, com o regresso da atividade assistencial", justificou o governante, que frisou que o aumento de número de casos não está significar necessariamente uma maior utilização de camas.
- "O aumento do número de casos não está a implicar, a esta data, uma utilização igual e muito menos maior, dos serviços hospitalares, tanto em enfermaria como em unidades de cuidados intensivos do que aquele a que assistimos nos meses de abril e maio deste ano", salientou, antes de reiterar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a preparar-se para os meses de outono e inverno e que o aumento de casos que tem vindo a verificar-se "não é exclusivo de Portugal".
- Neste âmbito, Diogo Serra Lopes aludiu à conferência da última sexta-feira, salientando que existem camas de enfermaria disponíveis nos hospitais e nas unidades de cuidados intensivos. Ou seja, "existe capacidade de resposta disponivelmente atualmente e, adicionalmente, capacidade que pode rapidamente ser disponibilizada acaso seja necessário". O Secretário de Estado enfatizou que a taxa de ocupação global mantém-se entre os 70% e os 80%, sem, no entanto, considerar a "capacidade adicional".
- Quanto ao Plano da Saúde para o outono e inverno, de acordo com o governante, este está em fase de contributos por parte do Conselho Económico e Social e do Conselho Nacional de Saúde, prevendo-se que a versão final seja apresentada "muito brevemente". Por fim, e antes de responder a perguntas dos jornalistas, o secretário de Estado da Saúde, que falava ao lado da diretora-geral, Graça Freitas, procurou sublinhar as mensagens sobre cuidados como manutenção do distanciamento social, uso de máscara e lavagem das mãos. "Porque nenhuma ação que qualquer um de nós possa tomar será tão eficaz no combate à pandemia como cumprirmos cada vez mais e melhor estas três regras simples", concluiu.
- Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de "confinamentos locais", a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sublinhou que neste momento as indicações que há em Portugal é para dirigir as medidas.
- "Mais do que medidas que abranjam todo o país de forma uniforme, adaptar as medidas aos parâmetros locais da epidemia. E há data do último relatório, todos os municípios estavam abaixo da incidência por 100 mil de 20. Portanto, até agora, isso dá-nos alguma tranquilidade. Sendo que essa incidência não é o único parâmetro que é avaliado. São avaliados outros, nomeadamente o célebre R, mas também as características sociais e demográficas onde ocorrem os casos", disse, antes de rematar que são medidas tomadas a "nível micro, local, que podem abranger um bairro, uma freguesia, um concelho, pelo que as autoridades da saúde locais, municipais e a Proteção Civil têm aqui uma palavra a dizer nesta avaliação do risco."
- Existem 23 surtos em escolas do país. Graça Freitas avançou que em Portugal continental se verificam sete surtos na ARS Norte, três no Centro, 12 em Lisboa e Vale do Tejo e um no Algarve. Estes surtos têm 136 casos positivos, entre alunos, docentes e funcionários. Relativamente ao impacto da abertura das escolas no aumento do número de casos diários, a diretora-geral da Saúde frisou que não é "ainda claro". Porém, salientou que o que se encontra nos inquéritos epidemiológicos é que muitas vezes há familiares doentes e a transmissão ocorreu mais dos familiares para as crianças do que ao contrário. Outras vezes os casos são positivos são de funcionários — que vêm da comunidade. Contudo, salientou que era ainda precoce ter "a certeza, na medida do que é possível saber".
- Em resposta à questão "como é que o número de contactos em vigilância reduziu" se os casos de infeção aumentaram, a diretora-geral da Saúde esclareceu que "uma pessoa pode originar vários contactos, muitos contactos ou nenhuns. Vai depender da socialização dessa pessoa. Este número não é um número constante nem acompanha obrigatoriamente o aumento do número de casos", disse.
- DGS desaconselha uso de parques infantis por terem "riscos acrescidos". "Os parques infantis constituem um equipamento lúdico, mas que encerram por si só riscos porque podem levar a uma grande aglomeração de crianças sem regras. Continuamos a não aconselhar a sua utilização na atual situação epidemiológica. Os equipamentos nem sempre são devidamente higienizados entre utilizações e o controlo da mobilidade entre crianças dentro do parque também não está assegurado", disse Graça Freitas.
- A diretora-geral da Saúde foi confrontada com a pergunta sobre o porquê de se manterem os parques infantis fechados, quando decorre o regresso às escolas. Graça Freitas lembrou que "a maior parte das crianças não usa máscara e no exterior também não está recomendado esse uso", razão pela qual pediu "muita parcimónia" na abordagem a este tema. "Há relvados, há parques públicos (…) onde as crianças podem brincar. Consideramos que um parque infantil encerra um risco acrescido que se calhar não vale a pena ter. [As crianças] podem divertir-se ao ar livre em outros espaços em segurança", frisou.
- António Lobo Xavier. "Foram seguidos todos os procedimentos que se seguem para a investigação de outros casos positivos”, assegurou Graça Freitas. Recorde-se que os conselheiros de Estado que se reuniram na terça-feira presencialmente realizaram testes à covid-19, por terem estado em contacto com António Lobo Xavier, que está infetado, tendo todos testado negativo. Questionada sobre este tema Graça Freitas explicou que a decisão de fazer um teste é por vezes tomada por iniciativa própria ou pelos médicos assistentes. "Essa iniciativa não inibiu autoridades de saúde de fazer o inquérito epidemiológico como faz em todas as circunstâncias", sublinhou. O inquérito epidemiológico permite, perante as respostas que são obtidas, estratificar os contactos em “alto risco” ou “baixo risco” e separar em dois grupos. Esta separação é que determina as medidas subsequentes, independente do resultado do teste inicial, explicou Graça Freitas.
- Plataforma "Trace Covid". Graça Freitas avançou que a Direção-Geral da Saúde e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde "estão a fazer tudo para simplificar os procedimentos, mas continuando a garantir a segurança das pessoas que por terem sintomatologia ligeira ou não terem sintomatologia estão em casa". "O que está previsto e em desenvolvimento é um autoreporte", sendo que a primeira avaliação é sempre de iniciativa médica. "Neste momento, há a possibilidade de, na Trace Covid, os indivíduos reportarem o seu estado e o médico depois fará o que entender em termos de acompanhamento, declarou. No fundo, “estamos a simplificar os procedimentos até porque sabemos que, com o inverno, pode haver mais pessoas em vigilância" e têm de estar em segurança”.
(Notícia atualizada às 19:11)
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