Chega
Em declarações aos jornalistas após ter assistido à cerimónia de tomada de posse do XXV Governo Constitucional, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, André Ventura considerou que, apesar de este executivo ser “de continuidade”, todos os partidos “devem dar o benefício da dúvida”.
O líder do Chega disse concordar em que se tente atingir já este ano a meta de 2% do PIB para a Defesa, frisando que, se estivesse no Governo, faria o mesmo, mas, sobre as palavras de Luís Montenegro sobre a imigração e segurança, disse que o primeiro-ministro já tinha dito o mesmo quando tomou posse há um ano e “depois ficou praticamente tudo no mesmo”.
“O que eu quero é pedir ao senhor primeiro-ministro que, desta vez, cumpra e não faça como no ano passado. (…) Por uma vez na vida, faça reformas”, pediu, reiterando que o Chega está disponível para colaborar em “reformas a sério”.
Sobre as palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que considerou que “o juízo coletivo reforçou a confiança política” em Luís Montenegro, André Ventura disse achar que os portugueses não se pronunciaram sobre a Spinumviva nestas eleições, afirmando achar que ainda há questões por resolver sobre essa matéria.
“O primeiro-ministro tem caminho para fazer politicamente, mas não se livrará do escrutínio ético, das questões de transparência”, disse, reiterando que o Chega admite propor uma comissão parlamentar de inquérito se o executivo não der as explicações necessárias.
PS
O presidente do PS desejou hoje que o mandato do Governo tenha efeitos positivos na vida dos portugueses e prometeu contribuir para esses bons resultados, considerando que o primeiro-ministro prometeu em cada um dos setores “o melhor dos mundos”.
À saída da tomada de posse do Governo, que decorreu hoje no Palácio da Defesa, Carlos César falou aos jornalistas, começando por confessar que esta “não era posse” de que gostava nem aquela que esperava, mas que resultou “de uma escolha democrática e consciente dos portugueses”.
“A resposta responsável de um partido como o PS é de, desde logo, estimar que o mandato deste Governo tenha sucessos que se reflitam positivamente na vida dos portugueses”, apontou.
O socialista - que assumiu de forma interina a liderança do PS desde que Pedro Nuno Santos se demitiu - prometeu que o PS vai contribuir “como o partido mais votado da oposição para que o Governo seja um bom Governo”, mas também para que o trabalho da oposição “seja também meritório e contribua para os resultados”.
Sobre o discurso do primeiro-ministro, Luís Montenegro, Carlos César apontou “uma listagem de setores e subsetores em relação aos quais o Governo terá de prestar atenção, prometendo em cada um deles o melhor dos mundos”.
“Este é o mesmo Governo que está há um ano, que não fez uma única reforma, teve o mérito de vencer, mas é bom que se concentre em duas dimensões”, defendeu.
Por um lado, o socialista corroborou “a ideia do Governo da prioridade que deve ser dada à reforma do Estado”, mas avisou que “não deve estar em causa a presença do Estado em setores fundamentais”, mas sim a sua qualidade e a eficiência.
Quanto à defesa, César afirmou que a “situação mudou” e é preciso “reanalisar as capacidades do país do ponto de vista do investimento na defesa”.
“Fundamental que partidos como o PS e o PSD saibam reunir neste momento para dar uma resposta que Portugal precisa de dar no concerto europeu”, reiterou.
Sobre o discurso do Presidente da República, o presidente do PS afirmou que foi feita uma “resenha histórica” com a qual o PS não pode deixar de concordar, mas referiu que “não trouxe uma especial mensagem do ponto de vista da configuração próxima da evolução política”.
“Gostei da intervenção do senhor Presidente da República”, assegurou aos jornalistas.
Iniciativa Liberal
Também em declarações aos jornalistas, a vice-presidente da IL Angélique da Teresa disse ter identificado no discurso do primeiro-ministro “várias bandeiras da Iniciativa Liberal”, como “criação de riqueza, combater a burocracia, reformar o Estado”.
“Ficamos muito satisfeitos ao ouvir estas bandeiras liberais. Agora, queremos é que passe das palavras aos atos e que, efetivamente, implemente aquilo que disse aqui, com coragem, e que não seja só aqui uma mera propaganda e uma mera ação de cosmética”, desafiou.
Sobre o anúncio de Luís Montenegro de que Portugal vai antecipar o objetivo e atingir o investimento de 2% do PIB em Defesa, a deputada liberal considerou que essa meta “já deveria estar cumprida” e que o Governo está “a correr atrás do prejuízo”.
A dirigente da IL considerou também que é “necessário fazer uma reforma efetiva do Estado, pôr o Estado a funcionar para que, depois, não falhemos nas áreas que são de soberania e onde o Estado, efetivamente, tem que estar e tem que estar de forma forte”.
Já o líder parlamentar do CDS-PP defendeu que este é “um bom Governo, um governo sólido e competente, que mantém o espírito reformista que caracteriza a AD e que caracteriza os dois partidos que compõem a coligação, o PSD e o CDS”.
Paulo Núncio considerou que a “opção por um ministro Adjunto e da Reforma do Estado demonstra bem a prioridade da AD na reforma e modernização do Estado, no combate intransigente à burocracia”.
Apontando que “essa reforma tem que ser feita com todos os partidos”, o deputado do CDS-PP antecipou que o executivo “terá capacidade de diálogo e de abertura”, para esse efeito.
PCP
"Novo Governo, a mesma política, os mesmos cúmplices e os mesmos apoiantes dessa política. Aquilo que precisamos é que se cumpra e faça cumprir a Constituição no que diz respeito aos salários, às pensões, ao SNS, à Habitação, na Educação, nos Direitos das Crianças, na Paz, na Justiça", afirmou o líder do PCP, Paulo Raimundo
Em declarações aos jornalistas, em Grândola, no distrito de Setúbal, à margem da apresentação da cabeça de lista da CDU à câmara deste concelho nas eleições autárquicas deste ano, Fátima Luzia, o secretário-geral do PCP disse que vai manter a moção de rejeição ao Governo.
"Claro, não é uma moção de rejeição às pessoas do Governo, não é a A, B ou C", mas "à política do Governo", afiançou Paulo Raimundo, acrescentando que o novo executivo de Luís Montenegro vai "acentuar o que vem de trás".
O PCP, disse, não olha "para as composições, as pessoas não são irrelevantes, o que conta é a política, mas se duvidas houvesse sobre a política basta ver a grande continuidade deste Governo para perceber o que aí está".
Questionado sobre as suas preocupações em relação às políticas do atual Governo, Paulo Raimundo argumentou que o país "não pode esperar nada" relativamente a matérias como a saúde, a educação ou a habitação.
"Tivemos um Governo que apostou tudo a desmantelar o SNS" e que "na 25.ª hora encaminhou-se para privatizar 174 centros de saúde e mais cinco hospitais pelas vias das PPP", exemplificou.
E acrescentou que, neste momento, "temos 85 mil estudantes sem um professor a alguma disciplina, vão sair 4 mil professores no final do ano letivo e vão entrar 400, o que se pode esperar deste Governo".
Já no que respeita à política de habitação, argumentou, "todas as medidas que [o Governo] tomou não foi para resolver nenhum problema", mas "para criar um nicho para jovens endinheirados" quando "todos os outros ficaram de fora".
"O que se pode esperar de um Governo que persiste na 'lengalenga' [de] que é preciso crescer para depois distribuir, quando temos mais de 2,5 milhões de trabalhadores que ganham menos de mil euros de salário por mês brutos e 800 mil trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional e ao mesmo tempo temos esta concentração cada vez maior da riqueza", sublinhou.
Para Paulo Raimundo, o Governo que hoje tomou posse vai "continuar o que tem em curso" e até fazer "pior" no caso da Segurança Social e do SNS.
"Quer por a mão no dinheiro da Segurança Social, quer de uma vez por todas abrir o pacote das privatizações, quer continuar e acelerar o desmantelamento do SNS e quer alterar as leis laborais que, na prática, significa mais precariedade para acrescentar à precariedade que já existe".
E reafirmou que, da parte do PCP, só se pode esperar o confronto: "Ou amochamos e ficamos à espera que o tempo leve ou enfrentamos. Há uns que amocham, da nossa parte enfrentamos", concluiu.
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