“Isto é uma situação que derivou da cessação de contrato com nove médicos, dos nossos 38 pediatras. Isto aconteceu num quadro de enorme escassez de profissionais desta especialidade em todos os serviços públicos do Serviço Nacional de Saúde, mas também no setor privado e estes nove médicos praticamente foram todos para o setor privado, certamente por condições contratuais mais atraentes”, avançou Joaquim Ferro à agência Lusa.
Contudo, o responsável adiantou que o hospital já está a avançar para a contratação de novos profissionais.
A Ordem dos Médicos denunciou hoje que a urgência pediátrica do hospital Garcia de Horta corre o risco de fechar durante o período noturno por falta de médicos, estando atualmente a funcionar “em cima da linha vermelha”.
O presidente do conselho de administração não comentou esta afirmação, mas avançou que já estão a desenvolver medidas para “combater a situação a curto prazo”, o que passa pelo reforço de meios e uma melhor articulação com os centros de saúde do concelho.
“O reforço de meios temos conseguido por duas vias. Uma é o reforço do corpo clínico permanente e a outra o recurso a prestadores de serviços. No caso do reforço clínico permanente as coisas estão bem encaminhadas, já conseguimos dois médicos que esperamos que iniciem funções nos próximos dias e espero também que o próximo concurso nacional nos permita também ter mais três médicos. Conseguimos também no mercado mais 10 novos prestadores de serviços, aliás, três dos quais cedidos pelos cuidados de saúde primários, que estão nestes últimos dois meses a integrar as nossas escalas”, explicou.
No entanto, para Joaquim Ferro, a diminuição da afluência ao hospital deve passar por uma maior aposta e sensibilização de que os cuidados de saúde primários têm qualidade para atender situações de urgência de baixa complexidade.
“Temos que apostar mais na sensibilização da população de que o problema da doença aguda pediátrica, menos complexa, tem resposta nos cuidados de saúde primários e nós temos estado a trabalhar com a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal no sentido de ter uma melhor resposta, uma melhor disponibilidade para que os utentes com crianças com situações de urgência de baixa complexidade possam ser atendidos nos centros de saúde”, referiu.
Contudo, os enfermeiros do ACES de Almada e Seixal encontram-se em greve no atendimento complementar aos fins de semana e feriados, desde 01 de dezembro, devido à “atitude inflexível” da direção executiva, que determinou que este serviço fosse “prestado no horário normal de trabalho”, o que poderá estar a causar uma maior afluência ao hospital Garcia de Orta.
No entanto, Joaquim Ferro indicou que, “não só em período de greve, mas também fora”, é preciso que a população “esteja mais sensibilizada” de que existem boas condições nos centros de saúde.
“A população pode estar tranquila relativamente à qualidade desses cuidados porque as crianças são tão bem atendidas nos centros de saúde como são no hospital. Temos a certeza disto porque muitos desses médicos também trabalham connosco, muitos foram formados por nós e temos uma articulação estreita, sabemos que essa qualidade existe”, afirmou.
Comentários