“Vamos discutir com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a aplicação da AstraZeneca, que na opinião deles a AstraZeneca continua a ser uma boa vacina que deve ser aplicada em todo o mundo, e alguns cientistas são da opinião que pode ser usada na ausência de outra forma de proteção, e por isso queremos ter uma orientação clara da OMS”, disse Zweli Mkhize, numa comunicação hoje ao parlamento.

“A Covax abordou-nos com a preocupação de que não deveríamos criar a impressão de estarmos a condenar a AstraZeneca, uma vez que a questão é a necessidade de haver mais investigação científica na África do Sul sobre a eficácia da vacina e concordámos nessa abordagem”, adiantou.

O ministro da Saúde sul-africano, numa intervenção por videoconferência transmitida pela televisão nacional, disse que a África do Sul rejeitou os planos de usar a vacina Oxford-AstraZeneca “porque não previne sintomas leves e moderados de doença” da segunda estirpe (501V.2) do novo coronavírus detetada na província do Cabo Ocidental, sudeste da África do Sul.

“O estudo da AstraZeneca envolveu apenas 2.000 pessoas e excluiu seropositivos com HIV e no processo não conseguiram demonstrar a sua eficácia na redução de sintomas ligeiros e moderados de doença, e que não dispunham de dados suficientes para confirmar a eficácia da vacina contra doenças severas”, salientou Mkhize.

“Isto contrastou com o cenário registado no Reino Unido e no Brasil, e no processo também estabeleceram que a sua eficácia contra a nova variante era na realidade mais baixa em cerca de 22%, quando de facto indicaram que existia uma taxa de confiança mais alargada, o que significa que estes dados eram provavelmente mais baixos do que parecia”, explicou.

O governante disse que a África do Sul considerou “necessário” estudar a aplicação do fármaco da Oxford-AstraZenaca “porque se trata de uma das vacinas mais dominantes em todo o mundo que será distribuída em milhares de milhar de doses, e esta variante (501V.2) não está presente em todos os países, apenas em alguns, mas é a variante dominante na África do Sul”, frisou.

Alguns países já manifestaram interesse em trocar ou comprar alguns das doses da AstraZeneca adquiridas pela África do Sul, segundo a imprensa sul-africana.

Sobre o prazo de validade até abril do primeiro lote de um milhão de doses da Oxford-AstraZeneca que a África do Sul comprou recentemente ao Instituto Serum da Índia, o ministro da Saúde sul-africano sublinhou que as vacinas serão utilizadas “antes do fim desse prazo de validade”.

“Gostaríamos de assegurar a população que, neste momento, os cientistas vão aconselhar o Governo sobre o que fazer com esta vacina, e que para além disso estamos a considerar substituir a remessa de forma a que não seja uma despesa inútil”, explicou Mkhize.

Entretanto, o Governo sul-africano anunciou hoje que vai começar a aplicar a vacina da Johnson & Johnson em profissionais de saúde na próxima semana, para lançar a primeira fase da campanha de vacinação da África do Sul, na qual 1,25 milhões de profissionais de saúde serão vacinados.

Zweli Mkhize disse estar em curso a aprovação pelo regulador sul-africano do fármaco da Johnson & Johnson, de apenas uma dose, que ainda está a ser testada internacionalmente, estimando para abril a produção na África do Sul das vacinas contra a covid-19 da multinacional norte-americana.

“A maioria dos fornecimentos que vêm para a África do Sul e para o resto do continente, serão provavelmente através da Aspen, o que é uma vantagem para nós”, adiantou Mkhize.

A farmacêutica sul-africana Aspen anunciou em novembro do ano passado uma parceria com a Johnson & Johnson para o fabrico da vacina da multinacional norte-americana, em Port Elizabeth, sudeste do país, onde dispõe de uma capacidade anual instalada para 300 milhões de doses.

A África do Sul contabiliza 1.479.253 infeções do novo coronavírus desde março e 46.869 mortos por covid-19, segundo as autoridades de saúde sul-africanas.