Nove dos corpos foram trazidos à superfície segunda-feira, com recurso a um cesto e a um guincho, e os restantes 27 corpos de mineiros foram retirados hoje, segundo um comunicado da polícia que indicou ainda que “várias dezenas” de pessoas conseguiram sair vivas da mina, apesar de estarem debilitadas.
Este é um balanço provisório, tendo em conta que as operações se devem prolongar por dez dias, indicou a mesma fonte.
“Na semana passada, recebemos uma carta de pessoas no subsolo indicando que havia mais de 109 restos mortais”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Levies Pilusa, porta-voz dos habitantes do município de Khuma.
Só da mina de Stilfontein, a 150 quilómetros de Joanesburgo, foram retirados mais de 1.500 mineiros desde agosto, quase 98,5% dos quais são estrangeiros disse hoje o ministro dos Recursos Minerais, Gwede Mantashe, numa conferência de imprensa.
Durante meses, o acesso a esta mina foi vedado no âmbito de uma operação policial destinada a prender centenas de ‘zama zamas’ (“aqueles que tentam” em zulu), como são chamados os mineiros ilegais, muitas vezes estrangeiros, incluindo moçambicanos.
Em 17 de dezembro, as autoridades sul-africanas anunciaram o repatriamento de 27 moçambicanos menores de idade, sem documentos, para o seu país, sendo que alguns tinham sido resgatados das minas de exploração ilegal em Stilfontein.
Para obrigar os mineiros a sair, o abastecimento de água e de comida do que parecia ser uma pequena cidade subterrânea foi restringido desde o início de novembro. Mas poucos mineiros sairam, por estarem demasiado fracos, segundo a comunidade local, que vivia da economia informal em torno da mina.
A exploração mineira ilegal é uma prática comum na África do Sul, com mineiros, por vezes menores de idade, a trabalhar em minas desativadas e abandonadas, principalmente na área da cidade de Joanesburgo e arredores.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou os ‘zama zamas’ como “uma ameaça” à economia e à segurança.
Além dos riscos envolvidos, a exploração mineira ilegal afeta a economia sul-africana e resulta em enormes perdas de receitas, estimadas em cerca de mil milhões de dólares (972 milhões de euros) tanto para o Governo como para a indústria mineira do país.
As autoridades estimam que cerca de 14.000 mineiros ilegais já tenham sido detidos, em sete províncias do país, desde dezembro de 2023 e que existam 6.000 minas abandonadas por todo o território.
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