“No Algarve já não havia operações em voos próprios da Thomas Cook, apenas em voos contratados e regulares. Não acredito que no Algarve se coloquem problemas de repatriamento”, afirmou à Lusa o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, adiantando que, ao longo desta semana, se vai saber quantos turistas portugueses são afetados pela falência.
Ressalvando que a falência acabou de ser anunciada e os efeitos reais demoram a ser clarificados, e que é desconhecida ainda a dimensão dos efeitos na hotelaria nacional, o responsável admitiu que “haverá problemas de dívidas do grupo com os hotéis” e que esta falência “será nefasta para a região” do Algarve, uma vez que o operador é um dos maiores do mundo, detentor de agências de viagens e companhias de aviação, como a Condor, e só na Grã-Bretanha tem 560 balcões.
“Mas não me parece que Portugal esteja no olho do furacão”, afirmou Pedro Costa Ferreira, explicando que, comparando com outros destinos mundiais, não será em Portugal que os efeitos serão mais relevantes.
Quanto Algarve, o presidente da APAVT acredita que, neste momento, não será significativo o número de britânicos que entraram no país através da Thomas Cook.
“Na Madeira, há voos da Condor, que pertence ao grupo, mas não temos conhecimento de que a empresa tenha deixado de operar”, adiantou.
Quanto aos turistas afetados pela falência, o presidente da associação recomenda contacto com a proteção do consumidor inglesa e explica que as situações são muito diferentes consoante o tipo de contrato.
“Em Portugal, os consumidores que compraram em agências de viagens estão protegidos por lei, mas quem tivesse comprado na companhia de aviação já teria de comprar o regresso e não estava protegido. Há uma imensidão de diferentes situações”, advertiu.
O operador britânico Thomas Cook anunciou hoje a falência depois de não conseguir encontrar, durante o fim de semana, fundos necessários para garantir a sua sobrevivência, entrando em “liquidação imediata”.
“Apesar dos esforços consideráveis, as discussões entre as diferentes partes interessadas do grupo e de novas fontes de financiamento possíveis, não resultaram em acordo (…). Desta forma, o Conselho de Administração concluiu que não tinha escolha, a não ser tomar medidas para entrar em liquidação com efeito imediato “, anunciou o operador britânico em comunicado divulgado.
As autoridades terão agora que organizar um repatriamento maciço de cerca de 600.000 turistas em todo o mundo, incluindo 150.000 para a Grã-Bretanha.
A situação financeira da empresa afetou clientes que gozam pacotes de férias organizados pela operadora de viagens e que não conseguiram sair dos hotéis e ‘resorts’ sem antes pagar a estada, apesar de já terem feito o pagamento à Thomas Cook.
A empresa, com 178 anos de atividade, tinha previsto assinar esta semana um pacote de resgate com o seu maior acionista, o grupo chinês Fosun, estimado em 900 milhões de libras (1.023 milhões de euros), mas tal foi adiado pela exigência dos bancos de que o grupo tivesse novas reservas para o inverno.
As dificuldades financeiras da empresa acumularam-se no ano passado, mas em agosto foram anunciadas negociações com o grupo chinês Fosun, que detém múltiplos ativos a nível mundial, nos setores de saúde, bem-estar, turismo (como o Clube Med), financeiro e até futebol (o clube inglês Wolverhampton Wanderers, treinado pelo português Nuno Espírito Santo).
Em Portugal é dona da seguradora Fidelidade, tem 5% da REN — Redes Energéticas Nacionais, é a maior acionista do banco BCP (com 27,25%) e é a dona da Luz Saúde.
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