“Ao dia de hoje, os números indicam que não é possível levantar as medidas de restrição. Mas os números também nos dizem e as curvas apontam para que, daqui a uns dias, a umas semanas, o país seja confrontado com a data em que pode regressar à normalidade, em que gradualmente possamos colocar medidas de alívio”, afirmou André Silva, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com epidemiologistas no Infarmed, em Lisboa.

Para a implementação de “medidas de alívio”, o porta-voz do PAN lembrou que são necessários alguns requisitos, a começar pela elaboração de planos de contingência em todas as empresas para que, “quando confrontados com novos surtos ou novos contágios porque eles irão existir, se possa de uma forma muito eficaz controlar, isolar e ir atrás da cadeia de transmissão” e não aconteça o mesmo que nos lares de idosos.

“Outro aspeto que é preciso garantir é um sistema de vigilância eficaz, robusto, para de facto identificar novos casos e cadeias de contagio que possam surgir”, continuou o deputado, sublinhando a importância de “materializar” e “sair do abstrato” para que a DGS e o governo concretizem “em cada instituição, em cada município o que é que, como é que se vão coordenar todos estes meios humanos para o efeito”.

“Acontece que no nosso país, as pessoas que têm que estar a dar as primeiras respostas nesta primeira fase são os especialistas em saúde publica e nós temos muito poucos, cerca de um rácio de um para 80 mil quando devíamos ter um rácio na ordem de um para 25 mil”, aditou o dirigente.

Por fim, o PAN classificou como “aspeto fundamental” para o regresso à normalidade a existência de materiais iniciais de prevenção e de combate à epidemia (tais como máscaras ou gel desinfetante), lembrando a proposta já apresentada pelo partido de fixação de preços destes materiais e ainda a necessidade de reencaminhar indústrias e unidades de produção para a produção de produtos de proteção individual.

Esta quarta-feira o partido apresentou também uma proposta de alteração ao diploma do Governo sobre a notificação postal, para garantir a gratuitidade da entrega de encomendas de farmácia ou produtos ortopédicos a idosos ou pessoas infetadas com o novo coronavírus, que irá ser votada na próxima quinta-feira, no parlamento.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas, segundo o balanço de hoje da Direção-Geral da Saúde.

Portugal está em estado de emergência desde 19 de março, que deverá ser renovado esta semana por um novo período de 15 dias.