“Felicito sinceramente Dmitry Muratov e [o seu jornal] Novaïa Gazeta pelo Prémio Nobel da Paz. É uma recompensa merecida”, reagiu Navalny, ele próprio tido durante vários anos como potencial vencedor da distinção, numa publicação na rede social Instagram.
Detido atualmente por um caso de fraude, que considera ter “contornos políticos”, Navalny referiu que a decisão, anunciada sexta-feira, de atribuir o prémio a Muratov ocorreu numa data “simbólica”, um dia após o 15.º aniversário do assassínio da jornalista de investigação do jornal russo Novaya Gazeta, Anna Politkovskaya.
“Isto lembra-nos o alto preço a pagar por aqueles que se recusam a servir as autoridades”, acrescentou Navalny, que publica periodicamente comentários nas redes sociais apesar de estar na prisão.
O principal líder da oposição russa, ativista anticorrupção e grande contestatário ao poder do Presidente russo, Vladimir Putin, também felicitou a jornalista filipina Maria Ressa, que foi igualmente distinguida com o prémio.
“A Rússia e as Filipinas são países tão diferentes, mas os seus altos funcionários são semelhantes, especialmente nas suas intermináveis mentiras e no seu ódio por aqueles que expõem essas mentiras. O mais importante, agora e sempre, é que o jornalismo não tenha medo de falar a verdade”, sublinhou Navalny.
Dmitry Muratov é, há quase 25 anos, o editor-chefe do Novaya Gazeta, um jornal conhecido pelas suas investigações e um dos últimos órgãos de comunicação social abertamente críticos ao poder na Rússia.
O compromisso com a verdade no jornalismo custou a vida de seis dos funcionários do jornal desde a década de 1990.
Sexta-feira, após o anúncio do prémio, Muratov afirmou que teria atribuído a distinção a Navalny.
Alguns apoiantes de Navalny não esconderam a deceção por o ativista, que quase morreu envenenado em agosto de 2020, não ter sido distinguido com o prémio atribuído pelo Comité Nobel.
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