“Se de facto estamos perante uma situação dessas, estamos perante uma bizarria”, salientou à agência Lusa o especialista.
De acordo com Manuel Tão, os transportes ferroviários, como o comboio Alfa Pendular, têm um recetor que recebe informações do sistema Convel, que controla a velocidade dos veículos e também garante o cumprimento da sinalização.
“Neste caso, o comboio alfa pendular estava munido de um recetor desses. Ora o veículo que entrou na via principal, estando numa via secundária, e que acabou por ser atingido pelo Alfa Pendular não é garantido que estava equipado com o recetor do Convel”, realçou.
Para Manuel Tão, poderá ter havido uma falha de comunicações, se, de facto, houve uma sobreposição de regulamentos diferentes.
“Os veículos podem funcionar com sistema de sinalização por via do seu recetor e outros não podem, se eventualmente não tiver, e há aqui dois sistemas que na mesma banda horária se sobrepõem”, afirmou.
À Lusa, o especialista em transportes ferroviários acrescentou que um sistema de transporte só pode ter um sistema de regulamentação e de segurança, não podendo ser “ambíguo”.
“Se introduzirmos procedimentos diferentes - ou dois sistemas diferentes - ao mesmo tempo, em tempo real, numa determinada localização, a probabilidade de podermos vir a ter um incidente pode efetivamente tornar-se muito grande”, observou.
O descarrilamento de um comboio Alfa Pendular, na linha do Norte, após colidir com uma máquina de trabalhos da Infraestruturas de Portugal, provocou hoje dois mortos, seis feridos graves e 19 feridos ligeiros, disse o comandante distrital de operações de Coimbra, Carlos Luís Tavares, num ponto de situação feito no local do acidente.
O Alfa Pendular, que transportava 212 passageiros, seguia no sentido Sul-Norte, tendo saído de Santa Apolónia, em Lisboa, às 14:00, e tinha como destino final Braga.
O acidente ocorreu pelas 15:30, perto da vila de Soure, mais concretamente junto à localidade de Matas, na região Centro.
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