Em declarações à imprensa antes de deixar Luanda para a capital austríaca, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos angolano, Diamantino de Azevedo, indicou esperar que, na reunião, se encontrem soluções para o preço do barril de petróleo que satisfaça os produtores e os consumidores.
“Temos a expectativa de que se encontrem soluções que correspondam aos anseios dos membros da OPEP e também dos membros não pertencentes à OPEP, mas que trabalham em conjunto com a organização. Queremos encontrar soluções para que seja definido um preço justo para os produtores e que também satisfaça os utilizadores deste produto”, disse.
Diamantino Azevedo salientou que a fixação dos preços do petróleo nos mercados internacionais tem “uma característica volátil”, embora passe também, atualmente, “por questões geopolíticas”.
“Isso não é nada de novo. A organização está preparada e tem experiência suficiente para lidar com essa situação”, sublinhou o governante angolano.
Na reunião de Viena vai discutir-se a estratégia da organização para 2019 e o volume de produção face à queda, nas últimas semanas, do preço do crude nos mercados internacionais que, depois de atingir os 80 dólares/barril, tem vindo a descer.
Hoje, o barril de petróleo Brent, para entrega em fevereiro, abriu no mercado de futuros de Londres cotado a 60,89 dólares, uma variação negativa de 1,29% em relação ao fecho de quarta-feira, quando o preço do petróleo que serve de referência para Angola fechou a 61,56 dólares.
Na quarta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, pediu à OPEP para não fazer subir os preços do petróleo.
Há seis meses, a OPEP aprovou aumentos da produção para evitar que os preços do crude subissem acima dos 100 dólares. Em Viena, porém, a discussão agora é à volta de estratégias de redução da produção.
A definição de um “preço justo” do barril de petróleo nos mercados internacionais tem gerado grande expectativa e apreensão em Angola, sobretudo depois de o Governo ter apresentado uma proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019 com base nos 68 dólares, que será votada a 14 deste mês no Parlamento.
Isso mesmo foi manifestado a 27 de novembro pela presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional angolana, Ruth Mendes, fazendo depender uma eventual alteração do OGE para 2019 dos resultados saídos da reunião da OPEP.
“É de todos nós [preocupação], até mesmo do executivo. Na aprovação na generalidade do OGE, o ministro das Finanças também referiu essa questão. Na audição que tivemos com a secretária de Estado, ela também referiu que o executivo está preocupado com o facto de o preço do barril do petróleo estar a baixar”, sublinhou.
Por seu lado, o secretário de Estado para os Petróleos angolano, Jerónimo Paulino, questionado pela Lusa, indicou que o Governo está a tomar um conjunto de medidas para a diversificação económica, para que o petróleo “possa, no futuro, empatar menos o normal funcionamento da economia”.
O Presidente de Angola, João Lourenço, durante a visita de Estado que efetuou de 22 a 24 de novembro a Portugal, admitiu que, se a tendência de queda do preço do crude se mantiver, o “plano B” de Luanda passa por acelerar o processo de privatizações.
“Temos um calendário de privatizações que (…) pode vir a ser influenciado caso o preço do barril de petróleo siga esta tendência baixista. Se seguir essa tendência baixista, com certeza que o calendário deverá ser ajustado com mais facilidade”, explicou, admitindo que o processo venha a ser mais rápido.
O grupo da petrolífera estatal angolana Sonangol lidera este processo de privatizações, com a administração a pretender privatizar 52 empresas e dois conjuntos de ativos de atividades não nucleares do grupo.
De acordo com dados do relatório de fundamentação da proposta de OGE para 2019, o Governo estima a exportação de cada barril de crude a um preço médio a 68 dólares, face aos 50 dólares inscritos nas contas de 2018.
Na previsão do Governo, a produção média diária de petróleo bruto em 2019, em Angola, será de 1,57 milhões de barris – em linha com a média dos últimos dois anos -, acrescida de 100.000 barris diários de LNG (gás natural).
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