No documento, enviado hoje à agência Lusa, a Direção Político-Militar da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) adianta que o convite se destina a que António Costa possa "inteirar-se pessoalmente da realidade, longe da máquina de propaganda angolana, a encontrar os seus compatriotas cabindeses e reunir com as chefias militares e políticas do movimento independentista.
"A FLEC/FAC e todos os cabindeses acreditam que, por intermédio de Portugal e da vontade e coragem do senhor primeiro-ministro de Portugal, António Costa, uma solução que ponha fim ao conflito em Cabinda poderá ser encontrada", lê-se no comunicado, assinado por Emmanuel N’zita, presidente da FLEC/FAC, chefe do Governo provisório e também chefe supremo das FAC.
No comunicado o presidente do movimento pede ainda a António Costa, que, durante a sua visita a Angola, interceda junto do presidente angolano João Lourenço “a favor de uma paz negociada para Cabinda", acrescentou.
Emmanuel N’zita declarou que a direção político-militar da FLEC/FAC "ainda acredita" que Portugal pode ter "o papel principal nas negociações que levem ao estabelecimento definitivo da paz" em Cabinda.
A FLEC/FAC refere que António Costa deve ter em conta "os vínculos históricos e a herança que une as duas Nações" e "o apego inabalável dos cabindas a Portugal".
Emmanuel N’zita disse ainda que deposita em António Costa “toda e total confiança para defender a dignidade do povo de Cabinda, acabar com o sofrimento do povo cabindês e dar um passo firme para o fim da guerra em Cabinda".
A 06 deste mês, num outro comunicado, a FLEC/FAC afirmou "lamentar o silêncio cúmplice" de António Costa perante a "repressão militar angolana no território ocupado", constituindo uma "atitude que envergonha todos os Estados-membros da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], sobretudo a nação portuguesa".
"Denunciamos o silêncio do Governo português, em particular a cumplicidade do primeiro-ministro português [António Costa] com a Angola de João Lourenço, que reprime a população indefesa de Cabinda", lê-se no comunicado, assinado por Jean Claude Nzita, secretário para a Informação e Comunicação e porta-voz da FLEC/FAC.
No comunicado, o movimento refere que o Governo português “continua a fechar os olhos à política agressiva de Angola em Cabinda, o que é um escândalo histórico” e pede aos países-membros da CPLP “que reconheçam Cabinda como membro de pleno direito” da organização, “apesar da influência do Governo angolano na organização".
A FLEC luta pela independência de Cabinda, território encravado na costa atlântica da República Democrática do Congo (RDCongo), alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Emmanuel N’zita é presidente da FLEC/FAC e sucedeu a N’zita Tiago, líder histórico do movimento independentista Cabinda, que morreu a 03 de junho de 2016, aos 88 anos.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que mantém a resistência armada contra a administração de Luanda.
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