A televisão estatal birmanesa MRTV avançou na segunda-feira à noite que Ban, vice-presidente da iniciativa internacional de paz The Elders [Os Anciãos], reuniu-se na capital, Naypyidaw, com o líder da junta militar, o general Min Aung Hlaing.

De acordo com a MRTV, os dois dirigentes trocaram opiniões sobre a situação em Myanmar numa discussão descrita como amigável, positiva e aberta. Ban encontrou-se ainda com os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros birmaneses.

Um funcionário da embaixada da Coreia do Sul em Naypyidaw, que pediu para não ser identificado, disse à agência de notícias Associated Press que a visita de Ban foi organizada pela The Elders, sem qualquer envolvimento de Seul.

A iniciativa internacional de paz conhecida como The Elders foi fundada pelo antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela em 2007, num grupo que também inclui o antigo Presidente colombiano Juan Manuel Santos. O porta-voz da junta militar, o major-general Zaw Min Tun, disse ao serviço de língua birmanesa da BBC que Ban se encontrou ainda com o antigo Presidente Thein Sein.

A televisão pública britânica avançou que Ban não se reuniu com Aung San Suu Kyi, que está presa desde que o seu governo eleito foi deposto pelo exército em fevereiro de 2021.

Em março, a ONU indicou que mais de três mil civis foram mortos, 1,3 milhões foram forçados a fugir das suas casas e 16 mil foram presos desde o golpe. A lista de presos políticos inclui Aung San Suu Kyi, de 77 anos, líder de facto do governo deposto.

O golpe militar pôs fim a uma década de transição democrática e mergulhou o país numa espiral de violência e numa semianarquia. Ban Ki-moon tem uma longa história de envolvimento com Myanmar.

Enquanto era secretário-geral da ONU (2007-2017), o sul-coreano foi ao país para pressionar os generais que então lideravam o país a permitir a entrada de ajuda estrangeira para os sobreviventes do ciclone Nargis, que matou cerca de 134 mil pessoas em 2008. Ban também participou numa conferência de paz em Naypyidaw em 2016, que procurava encerrar décadas de conflito armado com grupos étnicos minoritários.