Ressalvando que é inevitável que o processo de negociação das nomeações dos altos cargos da União Europeia seja moroso, dada a complexidade da equação, o primeiro-ministro reconheceu que o Conselho Europeu que hoje terminou após três dias de discussões foi mais demorado por estar “tão desorganizado”.
“Mas isso tem a ver com o presidente deste Conselho, que não revelou particular habilidade na gestão deste processo”, apontou, argumentando que as reuniões quando são mal preparadas, “necessariamente” levam a “Conselhos particularmente difíceis”.
Para António Costa, “quem exerce certas funções deve ter a competência para saber conduzir processos desta natureza e não permitir que as coisas decorram da forma atabalhoada e caótica como ocorreram” ao longo dos três dias de cimeira.
“Manifestamente, o presidente Tusk não exerceu bem as suas funções”, reiterou, antes de instar a que todos o deixem terminar com dignidade o seu mandato.
Na segunda-feira, após a suspensão dos trabalhos da reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, o Presidente francês, Emmanuel Macron, já tinha deixado uma crítica implícita ao político polaco.
“Desejo que durante este processo tomemos o tempo necessário para escolher a equipa certa, uma que permita ter reuniões mais bem preparadas e aceder a soluções concretas”, disse.
Os líderes dos 28 chegaram à cimeira europeia às 18:00 locais de domingo (menos uma hora de Lisboa) e estiveram reunidos, a 28 mas também em encontros bilaterais e várias rondas de consultas, durante 18 horas, antes que o político polaco reconhecesse o “fracasso” das negociações e agendasse o reinício da reunião extraordinária para as 11:00 de hoje.
Contudo, hoje, o reinício dos trabalhos foi sendo sucessivamente atraso, por estarem a decorrer encontros bilaterais e outras reuniões entre líderes europeus. Retomada às 16:20 (hora local), a cimeira europeia voltou a ser interrompida uma hora depois, antes de os chefes de Estado e de Governo dos 28 regressarem à sala para fechar o acordo sobre as nomeações para os cargos de topo da UE.
Os líderes indicaram a conservadora alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, o primeiro-ministro belga em funções, o liberal Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, o socialista Josep Borrell, como Alto Representante da UE para a Política Externa e ainda a francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu.
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