António Costa criticou a atuação da Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia no debate quinzenal na Assembleia da República, em resposta a uma intervenção proferida pelo jovem deputado socialista Miguel Costa Matos sobre o atual estado da União Europeia.
O primeiro-ministro sustentou a tese de que, no presente, está em causa a preservação do mercado interno e da própria União Económica e Monetária, perante uma crise inédita em que “não existem zonas de refúgio”.
“Ou saímos todos em conjunto desta crise, ou não sai ninguém”, sustentou, antes de elogiar a atuação do Banco Central Europeu, que já evitou uma nova crise das dívidas soberanas, e a ação rápida da Comissão Europeia.
Para António Costa, o problema “tem estado no Conselho Europeu”, onde países como a Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca já manifestaram a intenção de se opor à proposta franco-alemã de criação de um programa de 500 mil milhões de euros com bases em transferência e não em empréstimos.
“Temos ainda algumas interrogações em relação a esse programa, mas, sobretudo, temos de vencer a resistência de quatro países que bloqueiam a decisão do Conselho. O Conselho Europeu tem de estar à altura das necessidades da Europa e quatro não podem paralisar a vontade maioritária de 23. Temos de seguir em frente”, defendeu.
Miguel Matos, numa intervenção que dedicou à questão europeia, advertiu que o choque provocado pelo novo coronavírus foi simétrico, mas “a crise que aí vem terá impactos muito assimétricos e desiguais, afetando desproporcionalmente algumas regiões, setores, classes e também as gerações mais jovens”.
“Temos de estar à altura do desafio do momento. Cada um de nós com um desconfinamento responsável, os Estados com respostas robustas, mas também a Europa que tem de evitar a tibieza que na anterior crise abortou a recuperação económica e contagiou toda a Europa com crise e austeridade”, frisou.
O deputado socialista defendeu também a tese de que Portugal é o segundo país com maior estímulo fiscal e o terceiro que mais adia impostos, precisando agora de “respostas a nível europeu porque, perante interdependência, o país não pode aceitar desigualdade também na capacidade de resposta”.
Em relação ao programa de recuperação europeu anunciado pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, e pela primeira-ministra, germânica, Angela Merkel, na segunda-feira, Miguel Matos destacou que prevê “500 mil milhões de euros reais, sem recorrer a engenharia financeira e multiplicadores duvidosos que o Parlamento Europeu soube em boa hora recusar”.
“São 500 mil milhões de euros dados em subvenções e não emprestados, o que contribuiria para onerar as finanças públicas e atrasar a recuperação económica”, apontou o jovem deputado socialista eleito pelo círculo de Lisboa.
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