A primeira visita oficial de António Costa a Angola aconteceu em setembro de 2018 e destinou-se sobretudo a desbloquear um impasse político de vários anos entre os dois países resultante do processo movido pela justiça portuguesa ao antigo vice-presidente angolano Manuel Vicente.

“O passado ficou no museu. Agora, compete-nos construir o futuro”, defendeu então António Costa pouco depois de chegar a Luanda, numa deslocação que acabou depois por abrir portas às visitas de Estado de João Lourenço a Portugal e de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola.

Entretanto, em julho 2021, António Costa regressou a Luanda para a Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em que os Estados-membros fecharam o acordo de mobilidade – um dos principais projetos de política externa do líder do executivo português.

Ultrapassada a pandemia da covid-19, os contactos políticos entre o primeiro-ministro e o Presidente angolano intensificaram-se ao longo do último ano.

O Presidente de Angola visitou Portugal em junho de 2022, por ocasião da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, realizada em Lisboa. E, mais recentemente, em fevereiro, António Costa e João Lourenço encontraram-se em Adis Abeba à margem da 36ª cimeira de chefes de Estado e de governo da União Africana. Na segunda-feira de manhã, voltam a encontrar-se em Luanda.

“As relações entre os dois países encontram-se num momento muito positivo. As visitas e os encontros de nível político entre membros dos dois governos têm-se sucedido a um ritmo intenso, tanto em contexto bilateral como multilateral”, referiu à agência Lusa fonte diplomática nacional.

Em entrevista à agência Lusa e ao jornal Expresso, divulgada na quinta e na sexta-feira, o Presidente de Angola partilhou essa posição: “As relações estão muito boas, nunca estiveram tão bem quanto agora, precisamos é de aumentar o investimento português em Angola e onde for possível.”

João Lourenço manifestou-se também disponível para visitar Portugal em 2024, no 50.º aniversário do 25 de Abril, e a festejar em conjunto os 50 anos da independência do seu país, no ano seguinte.

Na segunda-feira, após o encontro com João Lourenço, o primeiro-ministro visita a Casais Angola, empresa que é um dos principais atores no setor da engenharia e construção em território angolano, e a Acail. Esta última é considerada uma empresa de referência no setor dos produtos siderúrgicos, produção de gases industriais, alimentares e medicinais, pré-fabricados em betão e comércio de medicamentos.

António Costa termina o dia com uma receção aos empresários portugueses em Angola, estando convidados cerca de uma centena com negócios em setores variados: Construção e engenharia, banca, energia, agroalimentar, consultoria, saúde, turismo. Estarão também presentes membros do Governo angolano.

Na terça-feira, último dia de visita, o líder do executivo português desloca-se à sede da Caixa Geral Angola (a Caixa Geral de Depósitos detém a maioria do capital social com 51%), que está direcionada para o segmento das grandes e médias empresas, e visita a Fortaleza de São Francisco do Penedo (obra de valor histórico a cargo da Mota Engil) e a Escola Portuguesa de Luanda.

A Escola Portuguesa de Luanda, segundo o executivo de Lisboa, tem cerca de dois mil alunos, é administrada diretamente pelo Estado português e apresenta taxas de sucesso escolar elevadas.

Ao fim da tarde de terça-feira, o primeiro-ministro parte para a África do Sul, juntando-se na quarta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do Dia de Portugal com as comunidades portuguesas de Joanesburgo e de Pretória.