“O último levantamento que fizemos a nível nacional, dava uma percentagem de adesão à greve de 10,09%. É uma percentagem bastante reduzida, é marginal”, adiantou o presidente da Antrop, Luís Cabaço Martins, em declarações à Lusa.

A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) disse à Lusa que a adesão à greve ronda os 70% nas principais empresas, apesar de ressalvar não ser possível estimar um número global, tendo em conta que a paralisação abrange mais de uma centena de empresas e de cinco mil trabalhadores, de todo o país, com realidades diferentes.

Apesar dos números, a Antrop garantiu que continua disponível para negociar a valorização dos salários, lembrando que a inflação não deverá ir além dos 0,9%.

Por região, destaca-se a Área Metropolitana de Lisboa, com duas empresas que registaram uma adesão de 50% e 38%.

Segundo a associação, em Lisboa, as restantes empresas não aderiram à paralisação, o Algarve e o Alentejo “praticamente não tiveram greve” e os dados verificados no Norte e Centro, incluindo na Área Metropolitana do Porto, “não foram relevantes”.

Os trabalhadores das empresas do setor privado rodoviário estão hoje em greve, reivindicando o aumento dos salários e a atualização do subsídio de refeição.

Esta é a segunda paralisação do setor em quase duas semanas, depois da greve realizada no dia 20, que abrangeu mais de 90 empresas em todo o país.

A greve teve início às 03:00 de hoje e prolonga-se até sábado, no mesmo horário.

Os trabalhadores reivindicam o aumento do salário base do motorista para 750 euros e uma atualização, na mesma percentagem, para os restantes colaboradores.

Na base do protesto, segundo uma nota da Fectrans, está ainda a atualização do subsídio de refeição “nos mesmos termos percentuais do aumento do salário do motorista”, bem como a redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas.

Para a Antrop, a proposta dos sindicatos de aumentos na ordem dos 6% é “absurda, impossível de cumprir” e difícil de entender face à inflação esperada e à situação em que se encontram as empresas do setor, após um ano e meio de pandemia.

“Queríamos estabelecer com os sindicatos uma plataforma razoável e de bom senso. Os sindicatos não percebem esta posição […]. Se os sindicatos, depois destas greves, mantiverem esse propósito, nem vale apena nós estarmos a conversar. Os sindicatos têm que repensar e eventualmente ir ao encontro de uma posição razoável, de bom senso e equilibrada”, vincou Luís Cabaço Martins.

Este responsável lembrou ainda que a última proposta que a associação fez aos sindicatos apontava para aumentos salariais de 1,5%, notando que o subsídio de refeição é entendido “numa perspetiva global remuneratória”.

No que se refere aos intervalos de descanso, a Antrop também não está de acordo com os sindicatos, sublinhando que o contrato coletivo prevê um intervalo de até três horas.

“Temos um contrato coletivo assinado com os sindicatos. Não estamos a inventar nada. Está assinado há décadas e resulta da especificidade da profissão de motorista”, notou.

O coordenador da Fectrans, José Manuel Oliveira, garantiu que os trabalhadores vão avançar com novas formas de luta até haver um acordo com as empresas.

A greve abrange as empresas nas quais se aplicam os contratos coletivos de trabalho subscritos pela Fectrans, Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários Urbanos de Portugal (STRUP), Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (Sitra) e pelo Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM).