O valor comercial deste fruto – uma arroba (15 quilos) ultrapassa os 40 euros, quando há quatro anos era 5 euros -, faz com que seja o principal alvo de furtos em propriedades agrícolas da região, tendo sido já registadas várias apreensões, apesar de a apanha decorrer, habitualmente, até setembro.

Segundo dados do comando territorial de Faro da GNR, entre 01 de janeiro e 21 de julho, registaram-se no Algarve um total de 16 apreensões de alfarroba – o dobro face ao mesmo período de 2021 -, tendo sido detidas cinco pessoas e identificadas 39. No mesmo período do ano passado não houve detenções e tinham sido identificadas apenas seis pessoas.

Também nesse período, em 2021, a GNR tinha registado 20 denúncias por furto de alfarroba, número que aumentou, este ano, para 73.

No entanto, no ano passado, por esta altura, a quantidade de alfarroba apreendida (12 toneladas) ultrapassou a quantidade apreendida este ano (oito).

De acordo com aquela polícia, o aumento do número de denúncias pode estar relacionado “com o facto de o fruto ter amadurecido mais cedo, assim como para a existência de uma maior sensibilização para a denúncia deste tipo de crime, motivada também pelo aumento do preço do produto”.

A mais recente situação ocorreu na sexta-feira e no sábado passados, quando a GNR deteve em flagrante duas pessoas e identificou outras três por furto de alfarroba, em Silves, que tinham na sua posse 340 quilos de alfarroba furtada, em sacas.

Os frequentes furtos de alfarroba, tanto dos pomares, como de armazéns, estão a deixar os produtores revoltados, tendo sido convocada uma manifestação para sexta-feira, em Loulé – onde se concentra a maior extensão desta cultura de sequeiro -, para exigir a promulgação de uma lei contra o seu furtos e tráfico.

Os produtores acreditam que a legislação proposta por um grupo de trabalho, que integrou também entidades públicas, daria maior segurança ao setor, com a regulação da compra e venda, através da obrigação de registo no Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).

À Lusa, a GNR garantiu estar “particularmente atenta a este fenómeno criminal”, procurando “dissuadir e reprimir o furto deste fruto”, através da intensificação do patrulhamento junto a explorações agrícolas e vias de acesso aos estabelecimentos de comercialização de alfarroba ou armazenistas.

De acordo com aquela força policial, o ‘modus operandi’ utilizado no furto de alfarroba durante a época da apanha, que se estende de junho a setembro, “envolve, por regra, o furto no terreno agrícola” e só após o final da época se registam situações de furto nos locais onde é armazenado.

A semente do fruto da alfarrobeira é utilizada em várias indústrias, como a farmacêutica, a cosmética ou a alimentar - como aditivo para pudins, papas de bebé e estabilizantes de gelados -, e também para a indústria têxtil.

A polpa da alfarroba, que representa 90% do peso do fruto, é aproveitada para doçaria variada, como bolachas e bolos, licores, xarope, pão e alimentação para animais.