“Fora Milei!” foi ouvido nas ruas de Buenos Aires, onde o então candidato do partido de extrema-direita La Libertad Avanza (‘A Liberdade Avança’) venceu em novembro, por quase 12 pontos percentuais o rival Sergio Massa, então ministro da Economia.
O “panelaço” foi ouvido durante vários minutos em diversas áreas da cidade, incluindo algumas das mais ricas, como Palermo e Belgrano, mas também em bairros mais modestos, como Caballito, Almagro e Avellaneda.
O protesto surgiu depois do economista ultraliberal anunciar a revisão ou revogação de mais de 300 normas para desregulamentar a economia do país, assim como a privatização de todas as empresas estatais.
A reforma, anunciada por Milei num discurso transmitido em direto pela rádio e televisão argentinas, inclui as leis sobre a habitação, “para que o mercado imobiliário volte a funcionar bem e para que o arrendamento não seja uma odisseia”.
O economista anunciou ainda a “modernização da legislação laboral para facilitar o processo de criação de empregos autênticos”, a modificação da lei das empresas para que os clubes de futebol se possam transformar em sociedades anónimas, e uma longa série de outras medidas nos setores do turismo, internet via satélite, farmácia, vitivinicultura e comércio internacional.
O chefe de Estado argentino prometeu também a revogação do regime das empresas estatais e dos regulamentos que impedem a privatização de empresas públicas.
O economista ultraliberal, eleito em novembro, disse querer transformar todas as empresas estatais em empresas públicas, como um primeiro passo, para “posterior privatização”.
Milei anunciou durante a campanha eleitoral a intenção de colocar à venda a companhia aérea Aerolíneas Argentinas e a petrolífera YPF, dois gigantes da economia do país sul-americano.
Horas antes do anúncio do Presidente, cerca de três mil pessoas tinham saído às ruas de Buenos Aires, numa manifestação convocada por organizações sociais e de esquerda contra as políticas do novo chefe de Estado.
Isto apesar de Milei e da ministra da Segurança, Patricia Bullrich terem avisado que quem ocupasse ou bloqueasse ruas deixaria de receber assistência social, num momento em que quatro em cada dez famílias argentinas vivem abaixo da linha da pobreza.
Milei já tinha anunciado a 12 de dezembro uma primeira série de medidas de austeridade, incluindo uma desvalorização de mais de 50% do peso argentino e a redução, a partir de janeiro, dos subsídios aos transportes e à energia.
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