Durante uma audição na Comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território a requerimento do Livre, o porta-voz da associação, Armando Pinto, afirmou que o que se está a passar em Montalegre, distrito de Vila Real, "é um atentado ambiental à região do Barroso".

“Consideramos que é um atentado ambiental o que está a acontecer. O concelho, para quem não sabe, tem uma área considerável, do tamanho da ilha da Madeira", afirmou

Armando Pinto revelou também que já “secaram três nascentes na aldeia de Carvalhais”, só agora nesta primeira fase, afirmando desconhecer o que irá acontecer se for para a frente a exploração de lítio na zona.

O porta-voz da associação lembrou aos deputados que a zona onde se prevê que seja construída a mina é uma zona de baldio e “uma importante fonte de rendimento agrícola” que será perdida.

“A própria zona industrial que se prevê construir com 200 hectares fica encostada à nascente da barragem”, denunciou, acrescentando que também há centenas de hectares de floresta que, apesar de ter ardido, ainda tem “muitos carvalhos e pinheiros que vão ser destruídos”.

Armando Pinto reiterou que as populações “nunca foram ouvidas em nenhum momento" quando da prospeção, "nem agora”.

“Nunca ninguém quis saber o que queríamos, se aceitávamos a exploração junto das nossas casas”, acusou, afirmando que a população está “extremamente assustada”.

“Não há informação. Aquela que a empresa transmitiu em duas sessões na freguesia não demonstraram conhecimento da área e assustaram ainda mais as pessoas”, revelou.

O responsável deu ainda conta de que a qualidade da carne barrosã que tantos turistas trás à zona poderá estar em causa, lembrando ainda que a Água Carvalhelhos fica a um quilómetro da zona de exploração prevista.

“A população está contra. Há muitas atas de diferentes freguesias. Toda a gente, por unanimidade, disse que não aceitava a mina e tudo fará no que estiver ao seu alcance para que a mina não se concretize”, afirmou.

A Associação Montalegre Com Vida foi criada com vista à defesa do Barroso contra a exploração mineira.

A população, nomeadamente da freguesia de Morgade, concelho de Montalegre, para onde está prevista a exploração de lítio, opõe-se ao projeto mineiro, elencando preocupações ao nível da dimensão da mina e consequências ambientais, na saúde e na agricultura.

O contrato de concessão de exploração de lítio no concelho de Montalegre, assinado entre o Governo e a Lusorecursos Portugal Lithium, tem estado envolto em polémica e uma das razões apontadas é o facto de a empresa ter sido constituída três dias antes da assinatura do contrato.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, são ouvidos também hoje na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.