CDS-PP considera percurso de Cabrita "um acidente"
O vice-presidente do CDS-PP Paulo Duarte classificou hoje o percurso político de Eduardo Cabrita como "um acidente", mas responsabilizou o primeiro-ministro por ter deixado o titular da Administração Interna permanecer no Governo.
"A forma como este ministro sai, o percurso deste ministro, é também ele um acidente", comentou Paulo Duarte, em declarações à Sic-Notícia, ao comentar a demissão de Eduardo Cabrita na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
Para o vice-presidente centrista, "o principal responsável é o primeiro-ministro, que de forma displicente se limita a aceitar a demissão" e a "ser um espetador", deixando "um ministro em funções que não tinha condições para o ser"
"O CDS não esquece que há uma família que está em sofrimento e que tem de ser indemnizado o quanto antes, um família que está a sofrer. Para o CDS, a questão essencial é a família", declarou. Eduardo Cabrita pediu hoje a demissão do cargo de ministro de Administração Interna, depois de o Ministério Público ter acusado o seu motorista de homicídio por negligência pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
PSD lamenta que primeiro-ministro atue como “passageiro” e não como “condutor” do Governo
O PSD acusou hoje o primeiro-ministro de atuar como um “passageiro” e não como “condutor” do Governo, considerando que Eduardo Cabrita já tinha a sua “autoridade diminuída” há muito tempo.
Em declarações à Lusa na sequência da demissão do ministro da Administração Interna, o vice-presidente do PSD André Coelho Lima lamentou que Eduardo Cabrita não tenha assumido antes as “responsabilidades políticas” pelo “infeliz acidente que causou a morte de uma pessoa”.
“Assumir responsabilidades políticas quanto a nós não tem a ver com o grau de culpabilidade, sobre a qual o PSD nuca especulou nem vai especular, mas com uma forma de estar na vida pública”, afirmou, lamentando que ainda hoje de manhã o ministro tivesse referido ser apenas “um passageiro” no momento do acidente.
Por outro lado, o dirigente e deputado do PSD questionou se, caso o despacho do Ministério Público tivesse sido de arquivamento, já não existiriam consequências políticas, lembrando que acusação é apenas uma fase inicial do processo judicial.
Questionado sobre o facto de Eduardo Cabrita ter justificado a demissão para evitar qualquer penalização do Governo pelo que chamou de “aproveitamento político” do caso, André Coelho Lima salientou que o ministro da Administração Interna já estava com “autoridade diminuída” à frene de uma pasta essencial para a soberania do Estado, a Administração Interna.
“Vinha intervindo com a autoridade diminuída devido a sucessivos episódios, como a da gola antifumo que afinal era inflamável, os imigrantes de Odemira, os festejos do campeonato do futebol pelo Sporting”, enumerou, considerando que tal sucessão “obrigava acue o primeiro-ministro tivesse intervindo apreciando criticamente a atuação deste ministro”.
André Coelho Lima salientou que, mesmo hoje, foi Eduardo Cabrita que pediu a demissão, que António Costa aceitou.
“Significa que é um primeiro-ministro que analisa de forma complacente a atuação do seu Governo. O que Portugal precisa não é um primeiro-ministro que seja apenas um passageiro na nau, mas que seja condutor e que saiba conduzir o país”, salientou.
PAN diz que saída de ministro da Administração Interna “peca por tardia”
A porta-voz do PAN considerou hoje que a demissão do ministro da Administração Interna “peca por tardia” e lamentou que “só seja assumida para não prejudicar o Governo no ato eleitoral” de 30 de janeiro.
“É uma demissão que peca por tardia. E mais, lamentamos profundamente que só seja assumida para não prejudicar o Governo no ato eleitoral [legislativas de 30 de janeiro]”, defendeu Inês Sousa Real, numa mensagem em vídeo enviada à imprensa, em reação à demissão de Eduardo Cabrita na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
A líder do PAN disse ainda esperar que o primeiro-ministro, António Costa, “assuma outro tipo de responsabilidades políticas”, deixando “claro que todos os membros do Governo devem pugnar pela responsabilidade no exercício das suas funções, nomeadamente neste tipo de circunstâncias”.
“Teremos em breve eleições e é importante que este escrutínio, que a escolha dos membros do Governo para um futuro, se paute por outro tipo de responsabilização que até aqui não vimos por parte de alguns governantes de António Costa”, rematou.
Apontando que toda a gente sabe que “podem ocorrer acidentes” e que “erros são lamentáveis”, Inês Sousa Real ressalvou que “o excesso de velocidade , ainda para mais num carro de um membro do Estado, um membro do Governo, é absolutamente inaceitável, não existindo qualquer tipo de marcha de urgência do ponto de vista legal e caberia a Eduardo Cabrita garantir e pugnar pelo cumprimento do respeito da legalidade, nomeadamente não existindo excesso de velocidade”.
“Alegar que é apenas um passageiro parece-nos que é uma forma de desresponsabilização do ponto de vista até legal profundamente incompreensível, a responsabilidade não pode sobrar para o elo mais fraco que é o trabalhador e, portanto, achamos que esta demissão para além de tardia é manifestamente insuficiente para aquela que deve ser a conduta de um membro do Governo”, sustentou.
Inês Sousa Real lembrou ainda que o mandato de Eduardo Cabrita foi marcado por “por vários processos mal conduzidos”, referindo-se ao caso das “golas de incêndio” ou à morte de Ihor Humenyuk (cidadão ucraniano assassinado nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Lisboa).
Iniciativa Liberal diz que pedido está "ao nível daquilo que foi um péssimo ministro"
O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, considerou hoje que a demissão de Eduardo Cabrita "está ao nível daquilo que foi um péssimo ministro" da Administração Interna.
"Eduardo Cabrita consegue esticar até aos limites do admissível e até do bizarro em política", argumentou o deputado liberal, em declarações à SIC-Notícias, recordando que, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano, o ministro disse que "era apenas um passageiro"
A IL anda "há meses a pedir a demissão" de Cabrita, após "o atropelamento fatal de Nuno Santos", sublinhou Cotrim de Figueiredo, questionando ainda se a demissão tem como objetivo proteger o primeiro-ministro.
"Porque é que agora é que a demissão é aceite? Só para proteger o primeiro-ministro, a dois meses de eleições?", questionou o líder da Iniciativa Liberal.
Chega considera demissão de Cabrita tardia e por imposição do primeiro-ministro
O presidente do Chega considerou hoje que a demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna “peca por tardia” e que só aconteceu por “imposição” do líder do executivo, António Costa.
Esta posição foi transmitida por André Ventura cerca de 30 minutos depois de ter feito uma declaração a exigir a saída de Eduardo Cabrita do Governo e logo após este ministro ter anunciado o seu pedido de demissão de titular da pasta da Administração Interna.
“O Chega saúda a demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna. Suspeitamos que esta foi uma exigência de António Costa, que percebeu bem o desastre e o grau nocivo que Eduardo Cabrita poderia representar para as eleições legislativas de 30 de janeiro”, declarou o presidente do Chega.
André Ventura defendeu a tese de que a demissão de Eduardo Cabrita “peca por tardia e que já devia ter acontecido há muito tempo”.
“Há muito tempo que os portugueses queriam uma mudança na Administração Interna. Com o despacho de acusação do Ministério Público, ficaram hoje expostas as mentiras e mostra o tipo de ministro que tivemos na Administração Interna ao longo dos últimos anos. Se for reeleito primeiro-ministro, espero que António Costa não cometa os mesmos erros”, declarou.
Sindicato da polícia diz que, mais do que uma figura polémica, saiu um ministro incapaz de resolver problemas das polícias
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) defendeu hoje que a demissão do ministro da Administração Interna responde a um calendário eleitoral e que sai do Governo alguém que demonstrou “incapacidade” de resolver “problemas concretos” das polícias.
Em declarações à Lusa, a propósito da demissão do ministro Eduardo Cabrita, hoje anunciada pelo próprio numa declaração aos jornalistas em Lisboa, o presidente da ASPP, Paulo Santos, disse que a reação da associação sindical não se centra “apenas na figura” do ministro demissionário, “mas, sim, numa avaliação política que se faz durante estes anos daquilo que foi a política do próprio ministro”.
“Aquilo que dizemos é que o senhor ministro Eduardo Cabrita durante algum tempo esteve envolvido em muitas polémicas, criou uma imagem negativa junto dos polícias, da população em geral, mas mais importante do que isso foi a incapacidade que teve de resolver os problemas concretos dos polícias e da PSP. Desse ponto de vista, mais importante que a pessoa que veste o casaco de ministro é aquilo que são as políticas dos sucessivos governos para a área da segurança pública e para a resolução concreta dos problemas dos polícias”, disse Paulo Santos.
Do próximo ministro e do próximo Governo a ASPP espera “capacidade política para resolver problemas concretos das polícias”, como as tabelas remuneratórias, o subsídio de risco – aprovado com valores que desagradaram aos profissionais – entre outras matérias em aberto.
Paulo Santos disse que o pedido de exoneração do cargo, já aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, “não é nada que admire” a ASPP, “tendo em conta a imagem que o mesmo transmitia cá para fora e pelos episódios em que esteve envolvido” e enquadra a demissão no calendário eleitoral que se avizinha.
Já o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP), em reação escrita enviada à Lusa, recorda que “há muito” tinha pedido a demissão do ministro “por nada resolver no que diz respeito à PSP”.
“A política desenvolvida foi deixando arrastar os problemas que afetam os policias sem soluções. […] nada fez para que as agressões aos policias cessem, continuam a aumentar dia após dia e sem fim à vista; os suicídios infelizmente continuam; não conseguiu cativar jovens para ingressar na instituição, vagas dos concursos nunca são preenchidas; conseguiu impor um valor ridículo como compensação do risco”, defendeu o presidente do SPP, Mário Andrade.
Acrescenta ainda que Eduardo Cabrita “iniciou muitas negociações, mas não terminou um processo negocial”, dando o exemplo da revisão de subsídios e suplementos na PSP.
Sindicato dos inspetores do SEF considera "excelente notícia"
O sindicato que representa os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) considerou hoje “uma excelente notícia para o sistema de segurança interna” a demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna.
“Espero que nunca mais volte a tutelar a Administração Interna, pois enfraqueceu todas as instituições que lhe competia reorganizar e reforçar”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SCIF-SEF), Acácio Pereira.
O sindicato que representa os inspetores do SEF pediu várias vezes a demissão de Eduardo Cabrita durante o processo em que esteve em discussão a extinção daquele serviço de segurança.
Acácio Pereira disse ainda que Eduardo Cabrita fica para a história como o ministro que quis acabar com o SEF, cuja extinção ficou adiada para maio devido à pandemia de covid-19.
Saída de ministro “inevitável” face à “acumulação de casos”, diz PCP
O PCP considerou hoje “inevitável” a demissão do ministro da Administração Interna, face à “acumulação de casos envolvendo a atuação” daquele ministério, que tornaram “insustentável” a continuidade de Eduardo Cabrita.
“Este desfecho era inevitável perante a acumulação de casos envolvendo a atuação do Ministério da Administração Interna que, de facto, tornaram insustentável a continuidade do ministro Eduardo Cabrita à frente do ministério”, referiu à agência Lusa o deputado comunista António Filipe.
Em declarações na sequência da demissão do ministro da Administração Interna, o deputado do PCP referiu ainda que a “avaliação global” do seu partido ao Governo “não se prende com acontecimentos avulsos”.
Mas assinalou que a “apreciação global” é que “não está a haver a resposta que se impunha aos maiores problemas que o país enfrenta”.
“A avaliação que fazemos da política do Governo não se prende a um caso ou outro, ou mesma à atuação avulsa de qualquer ministro. Há uma avaliação global que fazemos que tem a ver com a resposta que é dada aos problemas”, sustentou.
Para António Filipe no caso concreto do ministro da Administração Interna houve um “acumular de situações que tornou inevitável a sua demissão”.
A demissão de Cabrita
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, demitiu-se hoje, na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
Numa declaração aos jornalistas, em Lisboa, onde fez um balanço do seu mandato, Eduardo Cabrita referiu-se ao acidente que provocou a morte de um trabalhador na autoestrada dizendo que “mais do que ninguém” lamenta “essa trágica perda irreparável” e deixou críticas ao “aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal”, algo que disse ter observado “com estupefação”.
"É por isso que hoje não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o primeiro-ministro, ou mesmo contra o PS. Por isso entendi solicitar a exoneração hoje das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro", disse o ministro demissionário.
Pouco tempo depois, António Costa afirmou que aceitou a demissão de Eduardo Cabrita e anunciou que "nos próximos dias" indicará o nome do sucessor.
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