Rio espera reforço de verbas para a Defesa na especialidade do OE

O presidente do PSD defendeu hoje que o PS, depois de aplaudir o discurso do Presidente da República, deverá apoiar ou propor o reforço de verbas para a Defesa na especialidade da proposta de Orçamento do Estado.

“O senhor Presidente optou for fazer um discurso sobre as Forças Armadas que eu penso que é adequado, por força da situação política mundial e europeia que estamos a viver. Há muitos anos se pede reforço das verbas para a defesa”, afirmou Rui Rio, no final da sessão solene.

Rio assinalou que, numa coincidência rara, o 25 de Abril coincide este ano com a discussão do Orçamento do Estado, documento que considerou “seguramente insuficiente para a defesa nacional”.

“Estou curioso o que significa o facto de o PS ter aplaudido o Presidente da República, ter aplaudido de pé, com entusiasmo, um discurso que reclama um reforço das verbas para as Forças Armadas “, afirmou.

O presidente do PSD afirmou que irá aguardar que reflexos terá a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, nomeadamente ao nível de propostas que o PS irá “apoiar a propor” em sede de especialidade no reforço das verbas para a Defesa.

Questionado sobre o seu próprio discurso, em que defendeu a necessidade de fazer diferente, Rio considerou não ser hoje o dia de fazer “um balanço dos últimos quatro anos” em que foi líder do PSD, cargo que deixará no início de julho.

“Sobre a minha responsabilidade, pode haver quem goste mais, quem goste menos ou quem não goste nada, mas se há marca que fica é por vezes tentar fazer diferente e ser politicamente incorreto”, afirmou, explicando por que optou, em vez de “vangloriar mais uma vez o que aconteceu há 48 anos” pôr a ênfase no que “não está bem e deve ser mudado”.

“E mudou pouco ou nada, como sabemos”, lamentou.

Na sua intervenção na sessão solene, presidente do PSD defendeu que a solução para travar o crescimento dos extremismos não é "absurdos cordões sanitários”, mas “ter o rasgo de fazer diferente” e reformar “sem cobardia nem hipocrisia”.

“A solução está em nós próprios. A solução está em enfrentar a realidade sem cobardia nem hipocrisia. Está em reformar, ou diria melhor, em romper com o que há muito está enquistado e ao serviço de interesses setoriais ou de grupo”, defendeu Rui Rio.

O presidente do PSD defendeu que o discurso no 25 de Abril deve ser um momento de autocrítica e não apenas de “afirmações laudatórias.

“Se queremos um Portugal virado para o futuro, que não se atrasa cada vez mais na escala europeia e que não quer continuar a ver os seus jovens a emigrar, então teremos de ter o rasgo de fazer diferente, atuando coerentemente sobre as verdadeiras causas do nosso problema”, apelou.

PS sabe que orçamento das Forças Armadas deve crescer

O líder parlamentar do PS manifestou-se hoje de acordo com o teor do discurso do Presidente da República na sessão comemorativa do 25 de Abril, dizendo que os socialistas sabem que o orçamento da Defesa deve crescer.

Esta posição foi transmitida por Eurico Brilhante Dias perante os jornalistas, depois de interrogado sobre a exigência que Marcelo Rebelo de Sousa no sentido de as Forças Armadas serem alvo de um maior investimento.

“Sabemos que, no quadro da NATO, o orçamento da Defesa deve paulatinamente crescer para corresponder às obrigações de Portugal no quadro da Aliança Atlântica”, respondeu o líder da bancada socialista.

Na sua declaração inicial, o presidente de Grupo Parlamentar do PS referiu-se ao tema central da intervenção do chefe de Estado no parlamento.

“O discurso do senhor Presidente da República, reforçando a Defesa e as Forças Armadas como pilares da República Portuguesa, foi aplaudido pelo PS, num momento tão importante em que lutar pela paz significa estar ao lado do povo ucraniano. E lutar pela paz significa estar ao lado das Forças Amadas”, sustentou.

De acordo com Eurico Brilhante Dias, as Forças Armadas “têm um papel fundamental no quadro da NATO, agora na Roménia, mas também em outros países do mundo., tendo em vista uma estratégia de dissuasão para que a guerra não se alastre a outros países”

Perante os jornalistas, o líder parlamentar do PS observou que a sua bancada aplaudiu de pé não só o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, como também o do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.

“Dois discursos que deixaram uma marca de como o nosso povo é universalista. Este é um país da diáspora, das comunidades. É um país que, integrado na NATO e na União Europeia, corresponde orçamentalmente e com a sua vontade a um esforço de construção da paz”, sustentou.

Eurico Brilhante Dias, que no último Governo foi secretário de Estado de Augusto Santos Silva, com este a desempenhar as funções de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, assinalou que a intervenção do presidente do parlamento destacou os portugueses que residem fora do seu território.

“As comunidades são uma expressão do universalismo português. Os discursos do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República complementam-se e celebraram e evocaram de forma muito feliz o 25 de Abril que hoje cumpre 48 anos”, acrescentou.

IL diz que funções de soberania não podem ser parentes pobres dos orçamentos

O líder da Iniciativa Liberal considerou hoje “muito oportuno” o alerta do Presidente da República sobre a necessidade de mais meios para as Forças Armadas, defendendo que as funções de soberania não podem ser o “parente pobre” dos orçamentos.

“Relativamente à intervenção do senhor Presidente da República, achei que, do ponto de vista tático-político, foi muitíssimo interessante porque ao colocar a tónica na importância das Forças Armadas, na atual conjuntura, quer geopolítica quer interna, está a reforçar que as funções de soberania, aquelas que competem ao Estado - e que os liberais gostam de ver reforçada que compete ao Estado - não podem ser o parente pobre dos orçamentos, não podem ser o parente pobre as escolhas políticas”, disse João Cotrim Figueiredo aos jornalistas no final da sessão solene.

Na análise do presidente liberal, o alerta de Marcelo Rebelo foi “muito oportuno”, uma vez que esta é uma decisão que será preciso tomar neste e em futuros orçamentos do Estado.

“Foi um gosto finalmente ao fim de dois anos ter uma outra vez uma sessão solene com o hemiciclo cheio, sem máscaras e com um cheirinho a liberdade que já quase nos tínhamos esquecido”, começou por enaltecer.

No entanto, de um lado menos positivo na visão de Cotrim Figueiredo foi o facto de “a maioria das intervenções” que se focaram “quase exclusivamente na evocação da data e não perspetivam aquilo que o 25 de abril trouxe de liberdade projetada no futuro”.

O Presidente da República pediu hoje no seu discurso do 25 de Abril "mais meios imprescindíveis" para as Forças Armadas e "um consenso nacional continuado e efetivo" para fortalecer este "pilar crucial".

Marcelo Rebelo de Sousa, que há um ano nesta data centrou o seu discurso na memória do passado colonial, dedicou hoje a sua intervenção na sessão solene comemorativa do 48.º aniversário do 25 de Abril às Forças Armadas, realçando a guerra em curso na Ucrânia, invadida por forças russas há 60 dias.

PAN alerta que Forças Armadas poderão ser chamadas ao desafio das alterações climáticas

Apesar de lamentar primeiro o facto de o Presidente da República não ter referido no seu discurso “outras guerras” do quotidiano – como a violência doméstica e a desigualdade de género – a deputada única do PAN deixou um elogio ao chefe de Estado.

“Por outro lado, reconhecer e congratular pelo senhor Presidente ter falado nas alterações climáticas. Esse também é um dos grandes desafios do nosso tempo. E as Forças Armadas, que tanto contribuíram para no tempo da pandemia de covid-19 apoiar as populações, sabemos que infelizmente também serão chamadas a ter que dar resposta a desafios como a mitigação dos efeitos das alterações climáticas”, defendeu.

Para Inês Sousa Real, “é necessário garantir que existe um robustecimento deste investimento, mas também uma atualização daquilo que são as competências desta entidade”.

A deputada sublinhou ainda o facto de, no seu discurso, Marcelo ter recordado os “valores da democracia”

“Não podemos também esquecer a importância que o senhor Presidente tem no seu discurso ao recordar que os valores da democracia também devem ter presentes aquilo que é um discurso de respeito, de tolerância e de igualdade quando evidentemente vemos forças populistas antidemocráticas a crescer”, acrescentou.

Livre alerta que reforço da defesa europeia exige mais mecanismos de controlo

No final da sessão solene dos 48 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, no parlamento, Rui Tavares foi questionado sobre o discurso do Presidente da República, no qual Marcelo Rebelo de Sousa pediu "mais meios imprescindíveis" para as Forças Armadas e "um consenso nacional continuado e efetivo" para fortalecer este "pilar crucial".

“O contexto explica essa importância, mas o Livre crê que há um debate muito difícil a fazer sobre a defesa na Europa e crê que não se faz desligado de tudo o resto”, afirmou.

Rui Tavares considerou que “valeria a pena o Presidente da República ter lembrado que é impossível haver avanço de reforço da defesa comum europeia se a União Europeia não for uma democracia profunda”.

O deputado único do Livre defendeu, por exemplo, que o Parlamento Europeu precisaria de mais poderes para controlar esse reforço na defesa comum.

“Foi uma cerimónia marcada por várias visões do 25 de Abril mas muito pela inserção de Portugal no mundo”, disse, salientando que se esta Revolução acabou com uma ditadura, “também acabou com um ciclo imperial”.

“Para o futuro, contamos apenas e só com valorização das pessoas, é isso que vai fazer o nosso futuro”, disse, exaltando a importância das qualificações.

Jerónimo diz que Marcelo omitiu condições laborais do militares em discurso dedicado às FA

O secretário-geral comunista defendeu hoje que o Presidente da República omitiu, a propósito do discurso que fez na sessão solene do 25 de Abril, a falta de condições socioprofissionais com que os militares portugueses são confrontados.

“Foi um sublinhado importante, mas falou-se muito em missões no exterior, quando sabemos que a Constituição aponta para um esforço primeiro dedicado para a defesa nacional. De qualquer forma, [o discurso] teve interesse no levantamento dessa questão, embora não tivesse referido o problema principal com o qual hoje as Forças Armadas se debatem que é o seu estatuto socioprofissional, as suas promoções, as suas carreiras, os seus vencimentos”, argumentou Jerónimo de Sousa, em reação ao discurso de Marcelo.

Nos Passos Perdidos da Assembleia da República, o secretário-geral do PCP defendeu que olhar para as condições salariais dos militares “é fundamental” para que haja “Forças Armadas dignificadas”.

“Creio que o Presidente da República omitiu esta componente, esta dimensão, que hoje existe nas nossas Forças Armadas”, completou, acrescentando que o chefe de Estado fez apenas uma “referência à existência desse problema, mas não concretizou”.

Jerónimo de Sousa foi questionado sobre o discurso da líder da bancada comunista, Paula Santos, que se insurgiu contra o que o partido diz que são as “novas censuras” e a tentativa de imposição de um “pensamento único”.

“Fico preocupado de ouvir algumas expressões que vão ao encontro dessa ideia: 'Ou és por mim ou contra mim'. Muitas vezes temos sido confrontados com essa opinião e penso que esta questão da democracia, da pluralidade, do direito a dizer 'não' ou a dizer 'sim', em divergência ou em convergência… Quero-vos dizer que procuramos sempre sublinhar aquilo que é fundamental. Não à escalada da guerra, sim à paz”, referiu.

Chega diz que Marcelo deixou “forte aviso” ao Governo

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, no final da sessão solene comemorativa dos 48 anos do 25 de Abril de 1974, o deputado destacou o Presidente da República tenha escolhido o tema das Forças Armadas para o seu discurso “no momento em que a Europa enfrenta uma nova guerra”, considerando que “fazia todo o sentido”.

Ventura afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa “apontou o dedo ao Governo claramente quando disse não podemos depois exigir das Forças Armadas o que não pode ser exigido se não investirmos, não financiarmos e não criarmos condições para isso”.

“E acho que foi um aviso tremendo ao Governo. Acho que hoje quer o primeiro-ministro, quer a ministra da Defesa levaram um forte aviso de Marcelo Rebelo de Sousa em matéria de Defesa e de investimentos para a Defesa”, considerou.

Apontando que o seu partido tem defendido que se cumpram “as metas que estabelecemos na NATO de 2% de investimento ao ano no PIB”, o líder do Chega espera “que o Governo possa cumprir já neste orçamento e já neste ano económico”.

BE diz que é “absolutamente certo” que PR tenha falado das Forças Armadas

“O senhor Presidente da República decidiu hoje fazer um discurso sobre as Forças Armadas, assinalando a sua importância. Julgo que deve ser reconhecida e é natural que se faça no 25 de Abril”, disse aos jornalistas a líder bloquista, Catarina Martins, no final da sessão solene.

Catarina Martins sublinhou que “o contributo das Forças Armadas para o 25 de Abril é absolutamente determinante” porque “não só fizeram o golpe que dá origem ao 25 de Abril” – reiterando a gratidão aos capitães de abril – como “são parte importantíssima do movimento de contestação da guerra colonial que abriu portas à democracia em Portugal”.

“Parece-me absolutamente certo que hoje seja um dia para o Presidente da República falar das Forças Armadas”, disse.

No entanto, para a líder bloquista, há outros temas a destacar neste dia, sublinhando que é a primeira vez se comemora o 25 de Abril “com mais tempo de democracia do que de ditadura”, ressalvando que a “democracia não se pode contar pelo tempo, tem de se contar pela qualidade”.

“Voltar para trás não pode ser, o fascismo - é bom repeti-lo - nunca mais e tão bonito que foi hoje que nas galerias se cantasse a Grândola, se repetisse que fascismo nunca mais”, enfatizou, numa referência ao momento em que, no final da sessão solene, foi cantada a “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, momento no qual toda a bancada do Chega abandonou o hemiciclo.

Na perspetiva de Catarina Martins, e reforçando o discurso de José Soeiro na cerimónia, ainda “está tanto por fazer”.

“Tanta gente que sente na dificuldade da sua vida que a promessa de liberdade e igualdade não está cumprida e comemorar mais tempo de democracia do que ditadura não pode ser um ato cerimonial, mas tem de ser um compromisso para essa capacidade inventiva de um povo de criar as condições para quem trabalha ser respeitado, para que haja salários dignos, para que haja acesso à saúde, à educação, à habitação e para que se responda aos grandes desafios do nosso tempo, como o clima ou a paz com a solidariedade que o 25 de Abril nos ensinou”, apelou.