A “mediação forçada” obriga a vítima e o assediador a chegar a um acordo interno, mantendo o caso dentro de portas e longe dos tribunais e da opinião pública.

Os senadores Lindsey Graham, republicano, e Kirsten Gillibrand, democrata, apresentaram no início do mês um projeto de lei que proibia a “mediação forçada”, por considerarem que protege o assediador, que continua a trabalhar na empresa, na maior parte dos casos.

Segundo as estimativas de Graham e Gillibrand, cerca de 60 milhões de pessoas estão sujeitas a esta prática nos seus locais de trabalho.

O Instituto de Políticas Económicas, por seu lado, calcula que mais de metade dos trabalhadores norte-americanos está sob o regime da “mediação forçada”.

Smith, que anunciou a decisão no blogue da Microsoft, afirmou: “Silenciar as vozes das pessoas teve claramente um efeito de perpetuação do assédio sexual”.

O dirigente do grupo explicou que a decisão foi tomada depois de se ter reunido em Washington com o senador Graham.

A Microsoft é a primeira empresa de grande envergadura que opta por eliminar a “mediação forçada” das suas práticas internas.

Este tema da “mediação forçada” ganhou notoriedade nos últimos meses através da apresentadora televisiva Gretchen Carlson, que se converteu em uma das férreas opositoras da medida, depois de lhe ter dificultado levar a tribunal, por assédio sexual, o então presidente e administrador-delegado da Fox News, Roger Ailes.

Carlson, despedida da Fox em junho, acusou Ailes de se “vingar” dela e “sabotar a sua carreira” por ter recusado as “insinuações sexuais” dele e ter feito queixas do seu “assédio sexual grave e generalizado”.

Em recente entrevista à CNN, Carlson afirmou que “a mediação forçada é o melhor amigo do assediador”.

A decisão da Microsoft é uma das primeiras consequências empresariais do clima que se respira nos EUA, onde dezenas de mulheres tornaram públicas, nas últimas semanas, acusações de assédio e ataque sexual que abalaram o mundo do espetáculo, da política e da comunicação social.

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