“O linchamento que a ministra [da Cultura] está a sofrer por parte de vários grupos de aficionados das touradas, onde se incluem algumas figuras públicas, como é o caso do poeta Manuel Alegre, é aviltante”, refere a Animal em comunicado hoje divulgado.
Por essa razão, a associação “solidariza-se com a senhora ministra, e, na verdade, agradece a sua coragem”, indica a presidente da Animal, Rita Silva, na nota.
“Nos últimos anos, a pasta da Cultura esteve entregue a aficionados, cuja paixão pessoal por tal bárbara atividade levou à falta de avanço nesta questão”, observa a dirigente.
Rita Silva assinala que “Manuel Alegre chegou ao extremo de dizer que […] ‘é este tipo de intolerâncias que cria Bolsonaros’”, numa alusão ao recém-eleito Presidente do Brasil, de extrema-direita.
“Ora, este tipo de afirmação, além de descabida, é grave [já que] aquilo que cria Bolsonaros é a apologia e a normalização da violência. A tauromaquia não passa de um exercício de violência que já deveria ter acabado há muito”, vinca a responsável.
Na nota, a Animal aponta ainda o apoio que “muitas organizações nacionais e internacionais” têm dado à ministra, nomeadamente através das redes sociais e de e-mails a si endereçados.
“Largas centenas de e-mails já chegaram à ministra e muitos mais continuarão a chegar”, adianta.
Falando no parlamento na terça-feira, Graça Fonseca admitiu discutir em sede de especialidade do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) um eventual alargamento dos espetáculos abrangidos pela redução do IVA de 13% para 6%, mas excluiu a tauromaquia por ser “uma questão de civilização”.
A afirmação surgiu na sequência de críticas lançadas pela deputada do CDS-PP Vânia Dias da Silva, por a descida do IVA excluir a tauromaquia, acusando assim o Governo de "discriminação" e de imposição de uma "ditadura do gosto".
Face a isto, Graça Fonseca reagiu dizendo: "Senhora deputada [do CDS-PP] a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização e manteremos como está".
Entretanto, em reação a estas palavras, a Prótoiro - Federação Portuguesa de Tauromaquia exigiu hoje a “imediata" demissão de Graça Fonseca, argumentando que a sua primeira intervenção pública sobre tauromaquia, na Assembleia da República, foi um “insulto” aos aficionados.
A Prótoiro voltou depois a insistir no assunto através de uma petição, que, hoje pelas 12:00, contava com quase 5.700 assinaturas.
Também na sequência desta posição de Graça Fonseca, a Câmara de Alcochete, no distrito de Setúbal, aprovou uma moção de protesto contra a exclusão da tauromaquia de um eventual alargamento dos espetáculos abrangidos pela redução do IVA de 13% para 6%.
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