Em comunicado, referindo ter relatos de pessoas conhecedoras desta tradição — que se repete todos os anos por altura das Festas de Porto Covo, em honra da padroeira da aldeia —, a associação frisou que se trata de “um evento cruel e absolutamente desnecessário”.

“Largam-se patos na baía, cortam-lhes parte das penas das asas para ser mais difícil a movimentação e as pessoas andam a nadar atrás deles”, disse.

A Animal manifestou-se também empenhada em “impedir a realização da “Corrida aos Patos”, tal como “já aconteceu com tantos outros eventos em que o mote é o abuso dos animais”.

Para tal, a associação apelou ao envio de e-mails com o intuito de cancelar a iniciativa: “Iniciámos há três dias um apelo aos nossos apoiantes para um envio massivo de e-mails para o presidente da Câmara de Sines e para o presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo”.

“Embora tenham seguido já centenas de mails, a verdade é que ainda não recebemos resposta”, adiantou a associação de defesa dos animais.

A presidente da Animal, Rita Silva, repetiu hoje, em declarações à agência Lusa, que “a atitude correta é parar” com o evento, agendado para quarta-feira, às 15:00, na baía de Porto Covo.

“Há uns meses impedimos duas apanhas do porco e vamos sempre apelar para que as pessoas escrevam às entidades responsáveis com a intenção de que estas substituam esta parte da diversão por uma coisa que não seja cruel”, afirmou, considerando “estranha e desrespeitosa” a falta de respostas da organização.

A dirigente argumentou também que, “em 2018, a tradição não pode ser justificação para tudo e não faz sentido andar a correr atrás do animal”.

“Neste caso, as pessoas podem levá-lo para casa e não deve ser para fazer festas”, acrescentou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo, Cláudio Rosa, acusou a Animal de “bullying psicológico” e de agir de forma incorreta.

“Antes de fazerem queixam vinham ver se a organização põe em causa a integridade física dos animais e, depois, podiam agir judicialmente ou fazer o que entendessem”, afirmou o autarca, que remeteu mais declarações sobre o assunto durante a largada dos patos, na quarta-feira.

Por sua vez, Andreia Lobato Ferreira, tesoureira da Junta de Freguesia, confirmou a receção dos e-mails e afirmou que a organização não vai cancelar o evento.

“A ‘Corrida aos Patos’ não vai ser cancelada, até porque não é verdade o que dizem. Não cortamos as asas e as patas aos animais” e a prova disso é que “alguns voam e já não voltam”, disse a responsável, que negou existir qualquer tipo de violência contra os patos.

Os animais, frisou, “são lançados à água, num barco de apoio e depois as pessoas nadam até junto deles para os apanhar”.

“O pato fica com a pessoa que o apanha, sem violência, e até há pessoas que ficam com o pato como animal de estimação”, explicou.

Além da “Corrida aos Patos”, as festas desta aldeia turística do concelho de Sines, que terminam na quinta-feira, incluem iniciativas como uma procissão das velas, um concerto com João Pedro Pais e fogo-de-artifício.