Em comunicado publicado passado um mês sobre o anúncio do estabelecimento de um memorando de entendimento entre as duas instituições, a AAVP manifestou desagrado face à “parceria de longo prazo” para que o ´campus` cultural da Fundação EDP em Lisboa passe a ser gerido por Serralves.

No dia 05 de novembro, a Fundação EDP e a Fundação de Serralves anunciaram terem assinado um memorando de entendimento que estabelece “uma parceria de longo prazo” para o ‘campus’ cultural da Fundação EDP em Lisboa.

No comunicado conjunto, que não especificou a duração nem quais os valores envolvidos, podia ler-se que “a parceria será concretizada na gestão e programação, por parte de Serralves, do Campus Cultural da Fundação EDP em Lisboa, juntando o MAAT e a Central Tejo ao Museu de Arte Contemporânea, à Casa e Parque de Serralves e à Casa do Cinema Manoel de Oliveira”.

Poucos detalhes foram avançados desde então, com destaque para o anúncio de que João Pinharanda vai ser diretor artístico do MAAT a partir de janeiro, substituindo Beatrice Leanza.

No comunicado divulgado hoje, a AAVP lamenta a “desresponsabilização da empresa EDP” que, pela “sua importância e capital, deveria desempenhar um papel social e cultural exemplar em Portugal”.

Isto apesar de compreender que a “Fundação EDP, como fundação privada, tenha o direito de reorientar as suas políticas descontinuando o seu investimento”.

Para a AAVP, são muitas as questões que ficam por responder com a assinatura do memorando entre as fundações EDP e Serralves, nomeadamente quem irá gerir a coleção de arte contemporânea do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) ou os prémios EDP.

“Estas questões tornam-se tanto ou mais importantes na medida em que são frequentes e públicas as notícias de interferências preocupantes e inaceitáveis da administração da Fundação de Serralves nas competências específicas das várias equipas que dão a vida e a identidade ao projeto do museu”, realçou a AAVP.

A AAVP “observa e lamenta a já longa política de confronto da Fundação de Serralves perante as críticas e reivindicações dos artistas do Norte, e modo algum ficará indiferente perante a perpetuação ou mesmo a eventual expansão desta cultura de isolamento promovida pela administração de uma Fundação onde o Estado Português tem uma palavra a dizer”, sublinhou o comunicado da associação.

Para a associação, existe uma “preocupante tendência para a tomada de poder no seio das políticas culturais de uma certa mentalidade empresarial que conduzirá à simplificação dos discursos, falta de diversidade, terraplanagem da crítica empobrecimento e uniformização dos modos de criar e distribuir”.

Considera a associação que a assinatura do memorando entre a Fundação de Serralves e a Fundação EDP, assim como a intenção do Ministério da Cultura avançar com a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC), “que parece querer englobar museus e outros equipamentos expositivos do país enquanto um ativo pronto a usar na circulação da coleção do Estado”, constituem sinais de um “progressivo abandono negligente ou mesmo consciente de uma obrigação, tanto ao nível privado como público, de contribuir através do diálogo, da cooperação, do financiamento, do entusiasmo participativo da produção do meio da arte contemporânea em Portugal.

A AAVP lembra ainda que exige ser consultada e participar ativamente no processo de coordenação da RPAC pelo Ministério da Cultura embora aguarde uma reunião sobre o assunto, agendada para janeiro.

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