Em comunicado, a ANPRI diz que os professores de informática concordam com a implementação do Programa Escola Digital Kit de Computador e de Conectividade, que disponibilizará um computador com acesso à internet a cada aluno e professor, mas estão preocupados com algumas questões.

Entre elas, a ausência de estratégia de distribuição, apoio e manutenção dos equipamentos e a inexistência de recursos humanos para realizar as tarefas que serão agora responsabilidade dos Agrupamentos de Escolas/Escolas Não Agrupadas.

A ANPRI está também preocupada com a não assunção do perfil, das atividades e do tempo a atribuir à Equipa de Desenvolvimento Digital (EDD) de cada escola bem como com a segurança dos alunos, que passam a transportar mais equipamentos.

“Quem está nas escolas tem a noção dos roubos, quer no interior das escolas, quer nas imediações” dos estabelecimentos de ensino, é referido.

A associação destaca também a “ausência de um plano e envelope financeiro correspondente, seja por parte do Ministério, seja por parte dos municípios para o reforço das estruturas, cablagens e tomadas elétricas e o provável aumento da potência da eletricidade”.

Segundo a ANPRI, estas questões vão ser deixadas no espaço da autonomia das escolas.

A associação lembra que as escolas, salvo raras exceções, não têm técnicos de informática e no final da aquisição e entrega dos kit’s os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas mais pequenos terão cerca de 1.000 computadores e os maiores mais de 3.000 à sua responsabilidade.

“Estas tarefas, a serem realizadas por professores de informática ou outros docentes, constituem um claro abuso das suas competências definidas no Estatuto da Carreira Docente e ajustam-se no perfil de um ‘técnico de informática’ que não existe na maioria das escolas”, sublinha a ANPRI.

Apesar das situações apontadas, a ANPRI congratula-se com a implementação do Plano de Transição Digital pelo Governo, salientando que se revêm na estratégia relativa à definição de três kit’s de computadores com especificações diferentes, por ciclo de ensino, tendo em conta que as necessidades dos alunos são diferentes.

“Apoiamos a intenção de que os computadores, apenas, sejam cedidos aos alunos e não doados. A situação garante o acesso a todos os alunos à tecnologia como meio de aprendizagem e garante que os equipamentos continuem ao serviço da comunidade educativa da respetiva escola, evitando o erro da estratégia do passado Plano Tecnológico da Educação”, refere ainda a associação.