“Foram um primeiro-ministro e um ministro socialista que naturalmente terão muitas contas a prestar ao país. Até agora nunca ouvimos o Partido Socialista dizer alguma coisa que fosse em relação a estes ex-governantes ou outros, a verdade é que foram todos do Partido Socialista e colegas de Governo do atual primeiro-ministro”, afirmou Assunção Cristas.
A presidente do CDS-PP, que falava à margem da tomada de posse dos órgãos concelhios do partido, em Oeiras, questionada sobre os casos judiciais que envolvem os antigos primeiro-ministro José Sócrates e ministro Manuel Pinho, acrescentou que “o Partido Socialista tem a sua reflexão interna para fazer também”.
“Nós vimos o texto do Bloco de Esquerda, pode haver alguma proposta de afinamento, mas genericamente parece-nos adequado e, portanto, votaremos favoravelmente”, afirmou Assunção Cristas, em relação à proposta de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao "pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade", que deverá abranger os governos entre 2004 e 2018.
“A existência de corrupção de responsáveis administrativos ou titulares de cargos políticos com influência ou poder na definição destas rendas” está também incluído no objeto da comissão de inquérito proposta pelo Bloco de Esquerda.
O BE pretende que a comissão de inquérito se debruce sobre “o pagamento de rendas e subsídios aos produtores de eletricidade, sob a forma de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) ou outras”.
“O CDS tem por hábito avaliar o mérito das propostas e não os autores dessas propostas e, portanto, entendemos que devem ser prestados esclarecimentos no parlamento sobre a matéria que está prevista na comissão de inquérito e, naturalmente, também todos os esclarecimentos pelo então ministro Manuel Pinho”, frisou Assunção Cristas.
A antiga governante, questionada sobre se também as suspeitas que envolvem José Sócrates deviam ser objeto de audiçao parlamentar, duvidou da eficácia da medida, por se tratar de “processo judicial muitíssimo complexo”, notando que o parlamento trata da “esfera política” das questões, cabendo à justiça a “esfera criminal”.
“É importante que a justiça funcione e é importante, certamente, que o Partido Socialista, partido de onde provêm estes governantes faça a sua reflexão interna quando trata de escolher pessoas para exercer cargos de grande responsabilidade”, vincou a presidente do CDS.
“O Partido Socialista sente-se, como todos os partidos, a confirmar-se o que é dito, envergonhado”, disse na quarta-feira Carlos César à rádio TSF, no programa “Almoços Grátis”.
O líder parlamentar do PS respondia a questões sobre as suspeitas relativas a Manuel Pinho, segundo as quais o ex-ministro do Governo socialista de José Sócrates terá recebido de uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES), entre 2006 e 2012, mais de um milhão de euros.
Questionado sobre se, a confirmarem-se as suspeitas que recaem sobre José Sócrates, acusado de vários crimes económico-financeiros, nomeadamente corrupção e branqueamento de capitais, a vergonha é a mesma, Carlos César disse que "até é maior" porque se trata de um ex-primeiro-ministro.
“Ficamos entristecidos e até enraivecidos com isto, de pessoas que se aproveitam dos partidos políticos e, designadamente do nosso, do Partido Socialista, utilizam ou tenham comportamentos desta dimensão e desta natureza, evidentemente que ficamos revoltados com tudo isso”, salientou.
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