"Rejeito muito essa ideia da 'subsidiodependência' que alguns usam, criticando. Acho que a cultura e as pessoas que trabalham na cultura têm de viver, têm de ter as suas vidas, e é um bem e um direito fundamental que tem um preço, naturalmente. O Estado tem de estar disponível para o pagar, mas para isso é preciso ter dinheiro. Sem economia florescente, nada disto é possível", disse à Lusa Assunção Cristas.
A líder centrista falava após participar numa audição na comissão parlamentar de Cultura, requerida pelos centristas, de estruturas afetadas pelo concurso de apoio às artes, como forma de "dar sinal da importância para o CDS daquilo que se passou" e de levar a sua "política de proximidade" até aos agentes culturais.
Questionada se o partido terá a autoridade moral beliscada para falar do tema devido aos constrangimentos no setor durante o Governo PSD/CDS-PP, durante o qual não existiu Ministério da Cultura, Assunção Cristas salientou que os centristas não tiveram essa pasta e convocou a memória de Francisco Lucas Pires.
"O CDS teve o primeiro ministro da Cultura em Portugal, Francisco Lucas Pires, que é, por muitos, considerado o melhor ministro da Cultura que o país já teve. Depois disso tivemos responsabilidades na cultura que foram bem avaliadas", respondeu.
Confrontada com a defesa feita por Lucas Pires de 1% do Orçamento do Estado para a Cultura, Assunção Cristas afirmou: "Gostaremos de, num mundo ideal, lá chegar, sim. Temos de ver em que medida o país tem condições para lá chegar".
A ideia de 1% para a Cultura foi levantada recentemente numa sessão das conferências Ouvir Portugal, em que o CDS procura contributos para o seu programa eleitoral junto de independentes, num depoimento escrito do autor Jacinto Lucas Pires, filho do antigo líder do CDS, que se juntou ao PSD em 1997 Francisco Lucas Pires.
"A Cultura é uma das áreas fundamentais para o país. Isso estava na minha moção ao Congresso do CDS quando fui eleita líder [pela primeira vez, em 2016], não mudei de ideias", declarou Assunção Cristas, que conta com Pedro Mexia como um dos colaboradores da elaboração do programa eleitoral do CDS, coordenado pelo vice-presidente centrista Adolfo Mesquita Nunes.
Acerca de um eventual modelo de apoio às Artes alternativo que possa vir a ser proposto no programa eleitoral, a líder do CDS não quis adiantar quais pormenores, dizendo que está concentrada na fiscalização ao Governo.
Assunção Cristas admite, contudo, iniciativas legislativas ainda nesta legislatura: "É difícil ter iniciativas legislativas neste tema tão complexo que pressupõe articulação e tantas entidades, mas não excluímos que, pontualmente, possa haver uma iniciativa do CDS para questões específicas e pontuais".
Sobre a atitude invulgar de um líder partidário esta numa comissão parlamentar, Assunção Cristas sublinhou que foi a forma que encontrou de "não deixar cair este assunto".
"Os problemas são demasiado graves. Em democracia, nunca se conheceu uma situação destas, ouviu-se de várias estruturas, e ela não está ultrapassada, nem para aqueles que receberam apoio e ainda não receberam apoio nenhum, nem para aqueles que foram repescados, que ainda não receberam apoio nenhum, nem para aqueles que continuam com a situação por resolver", sustentou.
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