"Tudo faremos para conquistar uma maioria de 116 deputados para o espaço de centro-direita nas próximas eleições [legislativas 2019]", afirmou Assunção Cristas, reafirmando uma ambição que tem vindo a ser transmitida ao longo do 27.º Congresso do CDS-PP e que passa por ter o CDS como "a primeira escolha" no espaço do centro-direita em Portugal.
"Hoje o voto útil acabou. Hoje o voto de cada português é mais livre do que nunca. Acabou o voto para o primeiro lugar. Em 2019, para governar, não é preciso ficar em primeiro lugar, é preciso garantir o apoio de um conjunto de 116 deputados! E acredito, chegaremos com mais facilidade a esse número somando deputados depois das eleições, de resto como a nossa história constitucional mostra", defendeu.
"Quando me perguntam se não estamos a dar um passo maior do que perna, respondo que nunca duvidei dos passos de um partido que sabe o quer e sabe para onde vai", disse a líder centrista, afirmando que o CDS é a "alternativa" para todos aqueles que não confiam no atual Executivo. "Há todo um país que quer ser governado pelo CDS. Podem confiar em nós, podem confiar em mim. Eu não vos desapontarei", garantiu Assunção, acrescentando que o partido está comprometido a fazer "uma oposição firme às esquerdas unidas, ou como passaram a ser conhecidas neste congresso, as esquerdas encostadas".
"Somos a alternativa (….), somos a esperança (…), somos a escolha sensata, a opção dos dos que sabem que temos de nos preparar para um mundo volátil e mais veloz. (...) O CDS é um partido de futuro", afirmou. "Portugal ganha com a liderança do CDS, queremos ser a primeira escolha. Vamos trabalhar para sermos a primeira escolha dos portugueses", acrescentou.
"Quem não acredita no Partido Socialista, quem não se revê nas esquerdas encostadas tem uma escolha clara, uma escolha segura, uma escolha inequívoca. E essa é só uma: nós, o CDS", defendeu Assunção Cristas no discurso de encerramento do 27.º Congresso do CDS-PP, em Lamego (Viseu).
Todavia, e apesar de assumir que o CDS fará o seu próprio caminho, com a ambição de vir a ser a maior força do centro direita e até primeira-ministra, Assunção Cristas não deixou de dirigir "uma palavra especial" ao presidente do PSD, Rui Rio, que encabeçou a delegação social-democrata ao Congresso do CDS-PP. Assunção Cristas falou de "um partido amigo" e em cujo Congresso teve também "o gosto de estar e atestar a convergência de preocupações temáticas com o CDS".
Atacando o executivo de António Costa apoiado no parlamento por BE, PCP e PEV, a líder centrista voltou a lembrar os incêndios de 2017, que fizeram mais de 100 mortos.
Assunção Cristas descreveu, assim, "um Governo que falhou redondamente na sua função mais básica - a proteção de pessoas e bens - e, uma vez repetida, foi de novo incapaz de reconhecer erros ou sequer, humildemente, pedir desculpa".
Para a presidente centrista, este é também "um Governo que se limita a aproveitar a conjuntura externa favorável e é adepto do imobilismo", que "não quer mudar nada e, se puder, ainda reverte mudanças que têm sido benéficas para o país, como a reforma laboral que tanto tem contribuído para a baixa do desemprego e a criação de emprego".
A líder do CDS insistiu no ataque ao que apelida de austeridade escondida "na degradação dos serviços públicos básicos, como a saúde ou a educação, e nos impostos indiretos, não conseguindo reduzir a carga fiscal".
Cristas elege demografia, território e inovação como áreas prioritárias
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, elegeu hoje a demografia, o território e a inovação como áreas prioritárias de intervenção do partido, insistindo na criação de um "estatuto fiscal para o interior" e "melhores condições regulatórias".
No discurso de encerramento do 27.º Congresso do CDS-PP, que decorreu em Lamego, no distrito de Viseu, uma localização para sinalizar a importância de respostas à interioridade, Assunção Cristas destacou, na área do território, a ideia de um "estatuto fiscal do interior".
"O interior da nossa visão não se desenvolve com mais políticos, mais entidades, mais institutos, mais burocracia! O interior desenvolve-se fazendo dele uma zona franca regulatória, o sítio da Europa onde mais facilmente se pode testar uma ideia, o local privilegiado para crescer e fazer crescer", defendeu Assunção Cristas.
A líder centrista propôs "um estatuto fiscal de benefício para o interior e uma verdadeira zona franca regulatória para que a inovação possa florescer". "Não podemos continuar a ter dois países, um litoral mais rico e um interior extremamente abandonado. Há quem diga que o interior é para passar férias, que não vale votos. Não pensamos assim no CDS. Desde a nossa fundação somos um partido nacional, que preserva e aposta no território e no mundo rural. Sabemos que todos somos Portugal!", argumentou.
Assunção Cristas abordou igualmente, em matéria de território, as alterações climáticas e a seca.
"Se queremos ter um território ocupado temos de perceber e explicar aqui e no contexto europeu que a água, nomeadamente para irrigação, não é um luxo do sul da Europa, é um instrumento de combate à desertificação e uma ferramenta de adaptação às alterações climáticas", sustentou.
A líder centrista defendeu para Portugal uma posição de liderança mundial na inovação e na 'economia azul', que faça de cidades e vilas costeiras "centros territoriais de transformação de conhecimento em valor e crescimento económico, em estreita ligação com as universidades".
"Quando alguém no mundo perguntar sobre quem sabe fazer isto ou aquilo em matéria de mar, a resposta tem de ser óbvia: Portugal. Cruzaremos a dimensão territorial com a captação de investimento direto estrangeiro e certamente que o mar, por um lado, e a economia digital, por outro, são prioridades absolutas", sustentou.
Face a transformações tecnológicas com reflexo no mundo laboral e na educação, Assunção Cristas disse acreditar Portugal pode liderar esse "novo mundo cheio de oportunidades".
"A nossa função não é proteger-nos de uma mudança inevitável, isso só os demagogos prometem! É criar condições para que sejamos atores liderantes dessa mudança, é criar instrumentos que permitam a todos adaptarmo-nos à mudança. É não deixar ninguém para trás", defendeu.
Igualdade de género como bandeira
A presidente do CDS-PP assumiu hoje a defesa da paridade na política e nas empresas, dizendo que deixará de responder a questões sobre a forma como concilia trabalho e família até a mesma pergunta ser colocada aos homens.
"Nesta matéria permitam-me um parêntesis para uma nota mais pessoal: tomei a decisão de não responder mais a questões sobre como concilio trabalho e família, até ao momento em que essa mesma questão seja colocada aos homens que são pais e têm uma vida profissional e pública ativa", afirmou.
Para a líder do CDS, não é possível "continuar a ter um país em que mais de metade da população são mulheres", em que 61% do ensino superior feminino, que está, no entanto, "muito longe da paridade na política ou na direção das empresas e instituições".
"É tempo de mudar e estou convencida que uma parte muito substancial da questão tem precisamente a ver com a compatibilização trabalho/família e o papel dos homens nesta equação", argumentou.
Neste Congresso, o CDS passou de 14 para 25% de mulheres na totalidade dos órgãos nacionais (152 homens e 48 mulheres), sendo um terço na comissão política nacional e na comissão executiva, os órgãos mais restritos de direção.
Num Congresso que foi antecedido de discussões sobre o peso do pragmatismo da estratégia da líder, em detrimento da doutrina e da matriz democrata-cristã, Assunção Cristas afirmou na sua intervenção de encerramento que manterá "o rumo de um partido que cresce, de um partido mais aberto, de um partido mais próximo de todos", que "está bem fundado nos valores e nos princípios da democracia cristã e se assume como o partido do futuro do centro e da direita em Portugal".
A líder agradeceu a todos os que apresentaram moções globais e setoriais no Congresso, num "sinal da vivacidade e do dinamismo do partido", e a todos que quiseram "dar um contributo singular", e nesse agradecimento mencionou a recém-formalizada tendência Esperança em Movimento (TEM), de Abel Matos Santos.
(Notícia atualizada às 16h18)
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