"Isto prova que não importa o que a Rússia diga e prometa, pois encontra sempre uma maneira de não implementá-lo. Geopoliticamente, com armas, de forma violenta ou não. Encontra sempre uma maneira", disse Zelensky durante uma reunião com legisladores dos EUA, segundo uma declaração da Presidência.

As autoridades ucranianas relataram hoje um ataque russo ao porto comercial de Odessa, um ponto-chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.

"O inimigo atacou o porto marítimo comercial com mísseis de cruzeiro Kalibr. Dois mísseis foram intercetados pelas defesas ucranianas, enquanto dois atingiram a infraestrutura do porto", informaram fontes ucranianas de Odessa, citadas pelo portal Ukrinform, de Kiev.

Entretanto, o Governo ucraniano acusou a Rússia de "cuspir na cara" da ONU e da Turquia com este ataque.

Num comunicado citado pelo mesmo portal, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir "toda a responsabilidade" se o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, entre Kiev e Moscovo, for quebrado.

Segundo o mesmo portal, o Ministério da Política Agrária da Ucrânia informou que estavam a ser preparados, naquele porto, cereais para a exportação.

"Não vamos dar números porque o Ministério da Infraestrutura é o responsável. Aguardávamos até amanhã o primeiro embarque", indicou o ministério.

Segundo as autoridades ucranianas, foram laçados quatro mísseis no porto de Odessa.

Um deles atingiu a área comercial, enquanto outros dois foram intercetados pelo sistema de defesa aérea ucraniano.

O quarto míssil terá atingido outra zona do porto.

 A Ucrânia e a Rússia assinaram esta sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação das toneladas de cereais atualmente bloqueadas nos portos do mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.

Especificamente, o acordo permitirá que navios de carga exportem de três portos ucranianos - Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk - cerca de 22 milhões de toneladas de trigo, milho e outros cereais armazenados em silos.

UE condena “veementemente” ataque ao porto de Odessa

A União Europeia (UE) condenou hoje “veementemente” o ataque russo ao porto ucraniano de Odessa, um dia após o acordo assinado para a retoma das exportações de cereais bloqueadas pela guerra.

"A UE condena veementemente o ataque com mísseis russos ao porto de Odessa. Atingir um alvo crucial para as exportações de cereais, um dia após a assinatura dos acordos de Istambul, é particularmente repreensível", escreveu o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, no seu perfil no Twitter.

Segundo frisou, este ataque demonstra, “mais uma vez, o total desrespeito da Rússia pelas leis e pelos compromissos internacionais".

A embaixadora dos EUA na Ucrânia, Bridget Brink, também usou a conta Twitter para condenar este ataque "intolerável".

"A Rússia ataca a cidade portuária de Odessa menos de 24 horas depois de assinar um acordo para permitir exportações agrícolas. O Kremlin continua a usar alimentos como armas. A Rússia deve ser responsabilizada", escreveu.

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje "condenar inequivocamente" o ataque russo contra o porto ucraniano de Odessa, uma estrutura crucial para a implementação do acordo assinado na sexta-feira.

“O secretário-geral condena inequivocamente os ataques relatados hoje no porto ucraniano de Odessa”, declarou Guterres num comunicado, acrescentando que “a plena implementação (do acordo) pela Federação da Rússia, Ucrânia e Turquia é imperativa”.

*Com Lusa e AFP