Em junho de 2023, “os responsáveis pela IP, SA disseram que era uma questão de semanas, que tinham toda a documentação preparada para o lançamento do concurso e que vinha aí a inclusão da Linha do Oeste na rede transeuropeia de transporte”, refere a CPDLO num comunicado enviado hoje, criticando o facto de, “seis meses depois, tudo estar na mesma”.
“Não há concurso aberto e, muito menos, linha modernizada e eletrificada, verificando-se atrasos em cima de atrasos”, lamenta a comissão.
Na nota, a comissão classifica o atraso na abertura do concurso para o projeto de modernização e eletrificação da Linha do Oeste, no troço entre as Caldas da Rainha e Louriçal, como “inaceitável", lembrando que foi “prometida há mais de meio ano pelo Governo e pela Infraestruturas de Portugal”.
Para a CPDLO, o adiamento da obra “representa manter um mau serviço para os utentes, mais lento e com menor cadência de horários nas ligações ferroviárias entre as Caldas da Rainha e Coimbra ou Figueira da Foz”, bem como “manter uma situação de descontinuidade na ligação entre Lisboa e Coimbra pela Linha do Oeste”.
Quando o troço entre Meleças e Caldas da Rainha estiver eletrificado, acrescenta a comissão, significará ainda “não ter ligação à Linha de Alta Velocidade, em Leiria, quando a mesma estiver pronta”.
No comunicado enviado às redações a CPDLO manifesta “sérias dúvidas” de que a modernização e eletrificação do troço entre Meleças e Caldas da Rainha fique concluído no primeiro semestre deste ano, data com que “o Governo se comprometeu perante esta comissão, na pessoa do secretário de Estado das Infraestruturas”.
O cumprimento do prazo “não irá ser possível se o ritmo das obras não aumentar significativamente”, sustenta a comissão no comunicado, insistindo que “as obras públicas não podem ter os prazos de conclusão sucessivamente adiados, como acontece no caso da Linha do Oeste, com um claro prejuízo para o interesse público”.
A CPDLO alerta ainda para a urgência da renovação do material circulante na linha onde, "de há uns meses para cá, se avolumam as avarias das automotoras espanholas [as 'camelas']", que estão a garantir o serviço”.
Uma situação que “tende a agravar-se” já que “os atrasos de horas e as supressões devido a estas avarias, por vezes mais do que uma por dia” resultam em “prejuízos irrecuperáveis para os utentes e afastam as populações da utilização do comboio, devido à falta de credibilidade do serviço”, lê-se no comunicado.
Daí que, a par com as conclusão das obras, “importa também apressar o fabrico das novas composições destinadas à Linha do Oeste, para garantir um serviço público de transporte de qualidade e que vá ao encontro das necessidades das populações”, defende a comissão.
A agência Lusa questionou a Infraestruturas de Portugal sobre o atraso no lançamento do concurso, mas não obteve até ao momento esclarecimentos por parte da empresa.
O projeto de modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a de eletrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças (Sintra) e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros. A segunda consiste na modernização e eletrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, orçada em 40 milhões de euros. Contudo, o investimento global é de 160 milhões de euros, incluindo expropriações, de acordo com a empresa.
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