A mobilidade no espaço lusófono “não é fácil de atingir porque a realidade é bastante complexa”, disse Augusto Santos Silva, em declarações à Lusa, à margem da tomada de posse de Francisco Ribeiro Telles como secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
De acordo com o governante português, a complexidade do tema levou a CPLP a iniciar a discussão na cimeira de Brasília em 2016, tendo, no ano seguinte, Cabo Verde e Portugal tomado a iniciativa de apresentar uma proposta conjunta de um regime de mobilidade interna.
“Essa proposta foi examinada pelos Estados-membros e, na última cimeira, no Sal, [Cabo Verde], realizada em julho de 2018, os chefes de Estado e do Governo deram um mandato ao secretário-executivo para prosseguir com o trabalho técnico necessário”, acrescentou.
Também hoje, em entrevista à Lusa, Francisco Ribeiro Telles tinha afirmado que a mobilidade académica e cultural deve ser o ponto de partida de um processo “difícil” de facilitação da livre circulação de pessoas no espaço lusófono.
O diplomata considerou que o início da livre-circulação de pessoas é “a proposta conjunta de Portugal e Cabo Verde para a criação de um regime de autorizações de residência válido para todos os países da CPLP, fundado no critério da nacionalidade, mas que pressupõe o reconhecimento recíproco de habilitações académicas e qualificações profissionais e a portabilidade dos direitos sociais”.
Para Augusto Santos Silva, Ribeiro Telles terá como principal desafio “cumprir o programa da presidência Cabo-verdiana”, sendo necessário fazer avanços no “domínio da projeção internacional da CPLP e no domínio de uma presença ativa em agendas multilaterais tão importantes como a dos oceanos”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros destacou ainda o conhecimento e a competência do embaixador, que sucede à são-tomense Maria do Carmo Silveira, para um mandato de dois anos.
“Escolhemos um dos nossos melhores embaixadores, que [chefiou] a missão diplomática portuguesa em três distintos países – Cabo Verde, Angola e Brasil -, portanto, conhece melhor do que ninguém a realidade da CPLP “, concluiu.
Esta é a primeira vez, em 22 anos de história da CPLP, que Portugal assume o secretariado-executivo, o principal órgão executivo da organização lusófona.
As competências do secretário-executivo são: implementar as decisões das cimeiras, do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros e do Comité de Concertação Permanente; planear e assegurar a execução dos programas; organizar e participar nas reuniões dos vários órgãos da comunidade, e acompanhar a execução das decisões das reuniões ministeriais e demais iniciativas no âmbito da CPLP.
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