As mortes por suicídio na polícia francesa, que abrangem todas as idades e estão a acontecer por todo o país, já levaram os sindicatos a exigir mais apoio para parar um problema de saúde pública que se tem vindo a agravar.
Um inquérito parlamentar tornado público em julho fez uma lista de motivos para o stress e desespero na polícia francesa, incluindo excesso de trabalho, acentuado desde a série de ataques terroristas que começaram em janeiro de 2015, até aos violentos protestos antigovernamentais iniciados em novembro pelo movimento “coletes amarelos”.
“A continuar a situação atual, 2019 deverá ser o pior dos últimos 30 anos”, avaliou Denis Jacob, dirigente sindical da União Alternativa da Polícia.
Um relatório do senado divulgado no ano passado, indicava que a taxa de suicídio na polícia francesa era 36% mais elevada do que a da população em geral, mas não apontava razões especiais para esta diferença.
“Nós não sabemos as razões”, declarou o ministro do Interior, Christophe Castaner, em abril, quando anunciou um novo plano de prevenção para o suicídio na polícia, sublinhando o insucesso das autoridades na tentativa de resolver este problema de saúde pública.
Por seu turno, o diretor nacional da polícia, Eric Morvan, enviou cartas a todos os agentes, encorajando-os a tomar consciência do que sentem, e a falar “sem terem medo de serem julgados”, sustentando que “falar sobre o desespero não é um sinal de fraqueza”.
Um relatório de especialistas divulgado recentemente aponta o trauma psicológico resultante das situações violentas como um fator de risco para o suicídio, que pode ser aumentado por outras razões, e levar a uma crise e ao suicídio, nomeadamente a hipervigilância constante em caso de potenciais ataques terroristas.
Os especialistas dizem, no entanto, que ao longo dos ataques terroristas, a atuação da polícia elevou a sua imagem perante o público, mas os posteriores protestos dos coletes amarelos deitaram por terra a aura de heróis, quando a raiva dos manifestantes se voltou contra os agentes.
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