“Os autarcas, reunidos, deliberaram solicitar com caráter urgente uma audiência à ministra da Saúde para lhes apresentarem os problemas de recursos humanos médicos que existem no Médio Tejo”, indica hoje a CIM, com sede em Tomar, em comunicado, tendo realçado a preocupação com a dificuldade em captar médicos para os cuidados de saúde primários.

Tendo afirmado que querem “estar ao lado das soluções”, os autarcas manifestam na nota informativa “toda a disponibilidade para criar mecanismos que ajudem a ultrapassar o atual quadro, e a encontrar respostas aos graves problemas” que se vivem na região.

Em declarações à Lusa, o presidente da CIM Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos, disse que a posição conjunta resulta de um “conjunto de preocupações perante a dificuldade” da região “em captar mais profissionais médicos para poder ter serviços eficientes e com uma capacidade de resposta capaz de fazer face às necessidades” das populações, “quer ao nível de médicos de família, quer ao nível de algumas especialidades médicas” hospitalares.

“Nós temos muitas pessoas no Médio Tejo sem médico de família atribuído, queremos captar mais médicos para as nossas estruturas, e esta é uma matéria que queremos apresentar à ministra [da Saúde} com as nossas preocupações e a ajudar a encontrar as soluções para termos um território mais competente e mais capaz”, afirmou, tendo apontado a temas relacionados “quer com as questões dos cuidados de saúde primários, quer com as questões que dizem respeito à gestão dos nossos três hospitais”, declarou Valamatos.

Em comunicado, a CIM Médio Tejo disse hoje ter reunido no dia 14 de outubro com o Conselho de Administração da ULS Médio Tejo, que “fez um ponto de situação dos trabalhos relacionados com a atividade hospitalar” aos autarcas dos municípios da área de influência.

A ordem de trabalhos, segundo a mesma nota, abordou os cuidados de saúde hospitalares e referência às listas de espera, à evolução dos cuidados de saúde primários, com um descritivo por município sobre o número de utentes inscritos, utentes sem médicos de família, médicos de família por concelho, e médicos com contratos de prestação de serviços, tendo ainda sido abordada a descentralização de competências e a situação das urgências hospitalares.

“Os autarcas tiveram oportunidade de ver esclarecidos os trabalhos que têm sido desenvolvidos na ULS Médio Tejo, bem como de manifestar a sua preocupação, perante a dificuldade da região em captar mais profissionais médicos para poder ter serviços eficientes, com uma capacidade de resposta capaz de fazer face às necessidades das populações”, sublinha a CIM Médio Tejo.

Para aquela entidade, “quer os cuidados de saúde primários, quer os investimentos da saúde no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) carecem de respostas urgentes”, tendo resultado dessa conclusão o pedido de uma audiência à responsável da Saúde.

“Reconhecendo todo o esforço que tem vindo a ser feito, e estando efetivamente muito preocupados com as carências de recursos humanos médicos, os autarcas não podem deixar de sublinhar também o muito trabalho a percorrer, mas que neste momento o que existe é claramente insuficiente”, afirma a CIM, no comunicado.

Segundo notou hoje à Lusa o também presidente da Câmara de Abrantes, “os municípios aceitaram as transferências de competências que o Estado quis transferir, e a maioria dos municípios entendeu que fazia sentido pela proximidade e no âmbito desta responsabilidade de colaboração”, mas, salientou, “sem querer desresponsabilizar o Estado” de obrigações.

“Há coisas que devem ser sempre garantidas pelo Estado, com o qual queremos colaborar, mas não queremos de forma alguma desresponsabilizar o Estado do sentido universal que a saúde tem de ter. Estamos disponíveis para colaborar, manifestar as nossas dificuldades e tentarmos juntos encontrar as soluções”, concluiu.