De acordo com os resultados provisórios do Inquérito à Mobilidade nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, realizado pelo INE pela primeira vez de forma a estudar os hábitos de deslocação de cerca de um milhão de pessoas, o automóvel liderou as deslocações de forma mais marcante no Porto, com 67,7% e 58,9% em Lisboa, considerando a globalidade dos dias da semana.

O Inquérito à Mobilidade 2017 (IMob 2017) nas Áreas Metropolitanas do Porto (AMP) e de Lisboa (AML) realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) começou a 16 de outubro de 2017 através da Internet em imob.ine.pt, passando depois a ser presencial nos alojamentos que não responderem através da plataforma informática, entre 27 de outubro e 17 de dezembro.

Segundo o estudo, o principal motivo das deslocações foi o trabalho: 30,8% na AML e 30,3% na AMP, sendo que as viagens efetuadas pelos residentes da AMP e AML duraram em média 21,8 minutos e 24,3 minutos, respetivamente.

De acordo com os resultados, a população móvel – o conjunto de pessoas que realizaram pelo menos uma viagem com início no dia de referência do inquérito -, situou-se em 78,9% do total da população residente na AMP e 80,4% na AML. Nos dias úteis, este indicador ascendeu a 82,9% na AMP e a 85,1% na AML.

Analisando as deslocações realizadas segundo o município de destino, o município do Porto, na AMP, é o segundo ou o terceiro principal município de destino nas deslocações com origem em oito dos 17 municípios daquela área metropolitana, nomeadamente Maia, Matosinhos, Valongo, Gondomar, Póvoa de Varzim, Vila Nova de Gaia, Santo Tirso e Paredes.

No caso da AML, a centralidade do município de Lisboa nas deslocações realizadas é ainda mais vincada. Entre os 18 municípios da AML, apenas as deslocações com origem nos municípios do Montijo e de Sesimbra não apresentavam o município de Lisboa como segundo ou terceiro município de destino.

Cerca de 24% do total de deslocações entre municípios da AMP tinham como destino o município do Porto, enquanto 27% das deslocações entre municípios da AML tinham Lisboa como o município de destino.

Já as deslocações intramunicipais representaram 71,0% na AMP e 65,4% na AML no total de deslocações com origem e destino na respetiva área metropolitana.

Os principais motivos que levaram os residentes nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa a optar pelo transporte individual foram a “rapidez” (assinalado por 58,4% e 62,5% dos respondentes, respetivamente) e o “conforto” (49,8% e 50,4%, pela mesma ordem). Foram também apontados os motivos de “rede de transportes públicos sem ligação direta ao destino”, “ausência de alternativa” e “serviços de transporte público sem a frequência ou fiabilidade necessárias”.

Os transportes públicos e/ou coletivos, como principal meio de transporte, representaram 11,1% na AMP e 15,8% na AML.

No âmbito do transporte público/coletivo, o autocarro foi primordial para os residentes na AMP, ao corresponder a 61,0% daquele segmento, enquanto para os residentes na AML a sua expressão entre a totalidade de transporte público/coletivo se situou em 49,6%, refletindo a oferta mais diversificada de transporte ferroviário (ligeiro e pesado) e fluvial (rios Tejo e Sado), em função da diferença de geografia.

Na AMP, registaram-se valores mais elevados e acima da média metropolitana no que diz respeito à utilização do transporte público ou coletivo no Porto (18,5%) e Gondomar (16,8%) e ainda em quatro municípios contíguos a estes dois territórios municipais – Matosinhos (13,8%), Valongo (13,3%), Vila Nova de Gaia (11,5%) e Maia (11,2%).

Já na AML, a utilização do transporte público ou coletivo situou-se acima da respetiva média metropolitana em Lisboa (22,2%), Odivelas (19,4%), Almada (18,7%), Loures (18,5%), Barreiro (18,4%) e Amadora (18,2%).

Segundo o INE e de acordo com as estimativas mais recentes da população residente, na Área Metropolitana do Porto (AMP) residem 1,60 milhões de pessoas e na Área Metropolitana de Lisboa (AML) residem 2,57 milhões de pessoas. No conjunto, as duas áreas concentram cerca de 43,9% da população residente em Portugal. Os resultados provisórios apresentados têm como unidade geográfica elementar de referência o município.

O questionário permitiu realizar padrões de mobilidade diária da população, reunir a opinião dos utilizadores de transporte individual ou coletivo e as motivações que conduzem às opções de transporte.

O estudo questionou acerca do número de veículos do agregado familiar, deslocações diárias, local de trabalho ou escolas, tipo de transportes utilizados nas deslocações, hábitos de estacionamento de veículos, tempo de deslocação e se havia membros do agregado com deficiências físicas que limitam as deslocações, por exemplo.

Dados dos censos de 2011 registaram que o automóvel ligeiro particular foi o principal meio de transporte, utilizado por quase dois terços dos residentes na AMP e por mais de metade dos residentes na AML.