O júri do prémio, que tem o valor de quatro mil euros, foi constituído pelos professores e ensaístas Carina Infante do Carmo, Francisco Topa e José Mário Silva.

António Vieira é o pseudónimo literário do psiquiatra António Bracinha Vieira, de 82 anos. Sobre a sua obra, o júri destaca “o rigor intelectual de um exercício de pensamento puro, nascido de ‘estilhaços de escrita’ acumulados ao longo de duas décadas e assente numa estrutura fragmentária de pendor aforístico (aqui e ali intercalada por breves passagens ficcionais)”, segundo comunicado da Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL), enviado à agência Lusa.

Pedro Mexia junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 19 de outubro, pelas 21h00.

Poeta e crítico literário, escolheu para a conversa no clube de leitura o livro "A Terra Devastada", de T. S. Eliot.

Para se inscrever no encontro basta preencher o formulário que se encontra neste link. No dia do encontro receberá um e-mail com todas as instruções para se juntar à conversa.

Pedro Mexia, da poesia às traduções

Pedro Mexia nasceu em Lisboa, em 1972, e licenciou‑se em Direito pela Universidade Católica. Escreveu crítica literária e crónicas para os jornais Diário de Notícias e Público e também faz traduções; atualmente colabora com o semanário Expresso. Além disso, é um dos membros do "Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer" (SIC Notícias) e mantém, com Inês Meneses, o programa PBX. Foi subdiretor e diretor interino da Cinemateca.

T.S. Eliot e "A Terra Devastada"

A estreia de T. S. Eliot na poesia deu-se em 1915, na revista Poetry, de Chicago, onde saiu um dos seus mais famosos poemas, The Love Song of J. Alfred Prufrock. Este e outros poemas constituíram, em 1917, o seu primeiro livro

Em 1922 surgiu o poema The Waste Land — "A Terra Devastada", na tradução em português —, considerado um dos mais belos e mais importantes poemas do Modernismo.  O tema de The Waste Land é a decadência e fragmentação da cultura ocidental, concebida imaginativamente por analogia com o fim de um ciclo de fertilidade natural. O poema divide-se em cinco partes, que não obedecem a uma sequência lógica, e estende-se por 433 versos. A justaposição de símbolos, imagens, ritmos, citações e sequências temporais, contribuem para a dimensão épica do poema e reforçam a sua coerência artística.

“Pensador heterodoxo com uma ampla produção ensaística”, António Vieira apresenta nesta “obra, poderosa e muitíssimo original, uma atitude de radical ceticismo, assumindo-a como o bisturi que permite um questionamento de categorias tão diversas como a linguagem, a memória, o livre-arbítrio, a morte, a divindade, a história e o próprio género humano, sempre à luz de uma abordagem fenomenológica”, lê-se no mesmo documento.

Quanto ao livro de Fernando J. B. Martinho, “mostra-nos os sinais, nem sempre evidentes, da insolação pessoana sobre autores da contemporaneidade”.

“Reunindo artigos na maioria publicados no século XXI, este livro é um corolário primoroso da reflexão do ensaísta sobre a força de [Fernando] Pessoa, geradora de fascínio, desejo de individualidade e até demarcação da parte de poetas (como Sophia [de Mello Breyner Andresen], [Alexandre] O’Neill, [Mário] Cesariny ou Ruy Belo) e ensaístas ([Afonso] Casais Monteiro ou Eduardo Lourenço).

Fernado J.B. Martinho, 85 anos, é um autor “com uma larga obra ensaística que o destaca como um dos mais argutos e persistentes intérpretes da moderna poesia portuguesa”, refere a APCL.

No ano passado, o galardão foi também atribuído ex-aequo às obras das investigadoras Maria Irene Ramalho, “Fernando Pessoa e outros fingidores”, e Silvina Rodrigues Lopes, “O Nascer do Sol nas suas Passagens”.

O Prémio deverá ser entregue em novembro próximo, em data a anunciar, numa sessão a realizar no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, disse à Lusa fonte da Associação.