O júri do prémio, que tem o valor de quatro mil euros, foi constituído pelos professores e ensaístas Carina Infante do Carmo, Francisco Topa e José Mário Silva.
António Vieira é o pseudónimo literário do psiquiatra António Bracinha Vieira, de 82 anos. Sobre a sua obra, o júri destaca “o rigor intelectual de um exercício de pensamento puro, nascido de ‘estilhaços de escrita’ acumulados ao longo de duas décadas e assente numa estrutura fragmentária de pendor aforístico (aqui e ali intercalada por breves passagens ficcionais)”, segundo comunicado da Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL), enviado à agência Lusa.
“Pensador heterodoxo com uma ampla produção ensaística”, António Vieira apresenta nesta “obra, poderosa e muitíssimo original, uma atitude de radical ceticismo, assumindo-a como o bisturi que permite um questionamento de categorias tão diversas como a linguagem, a memória, o livre-arbítrio, a morte, a divindade, a história e o próprio género humano, sempre à luz de uma abordagem fenomenológica”, lê-se no mesmo documento.
Quanto ao livro de Fernando J. B. Martinho, “mostra-nos os sinais, nem sempre evidentes, da insolação pessoana sobre autores da contemporaneidade”.
“Reunindo artigos na maioria publicados no século XXI, este livro é um corolário primoroso da reflexão do ensaísta sobre a força de [Fernando] Pessoa, geradora de fascínio, desejo de individualidade e até demarcação da parte de poetas (como Sophia [de Mello Breyner Andresen], [Alexandre] O’Neill, [Mário] Cesariny ou Ruy Belo) e ensaístas ([Afonso] Casais Monteiro ou Eduardo Lourenço).
Fernado J.B. Martinho, 85 anos, é um autor “com uma larga obra ensaística que o destaca como um dos mais argutos e persistentes intérpretes da moderna poesia portuguesa”, refere a APCL.
No ano passado, o galardão foi também atribuído ex-aequo às obras das investigadoras Maria Irene Ramalho, “Fernando Pessoa e outros fingidores”, e Silvina Rodrigues Lopes, “O Nascer do Sol nas suas Passagens”.
O Prémio deverá ser entregue em novembro próximo, em data a anunciar, numa sessão a realizar no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, disse à Lusa fonte da Associação.
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