“Aquilo que podemos dizer é que além da possibilidade de as pessoas contribuírem fisicamente indo ao supermercado há também hipótese de darem ´online´. Prevê-se alguma chuva para amanhã, se não puderem ir ao supermercado o apelo que deixamos é que vão ao site e que doem online aquilo que iriam doar no supermercado”, disse hoje à Agência Lusa.
A responsável falava em Lisboa no âmbito do primeiro de dois dias de recolha de alimentos em superfícies comerciais por mais de 40 mil voluntários dos bancos alimentares, que se destinam a apoiar 420 mil pessoas carenciadas.
Sob o mote “Cada um de nós pode fazer deste dia um dia especial. É preciso mais para que falte ainda menos”, a campanha decorre em 2.000 híper e supermercados, apelando à solidariedade dos portugueses.
A campanha começou às 09:00 em 21 localidades do país e é “uma mega cadeia de solidariedade que ano após ano se renova”, afirmou Isabel Jonet.
Questionada sobre se houve evolução no tipo de produtos doados pelos portugueses Isabel Jonet disse: “Verificou-se por exemplo que nas últimas campanhas recebemos muito mais massa do que arroz. Dantes todos os sacos que eram dados ao banco alimentar tinham um litro de leite e um quilo de arroz. Hoje, todos os sacos têm um litro de leite e um pacote de massa”.
No entendimento da responsável tal deve-se a alterações dos hábitos alimentares dos portugueses, mas também “porque a massa é mais barata do que o arroz”. “O que nos leva a concluir que as pessoas querem continuar a contribuir, se calhar não têm tantas possibilidades e doam produtos um bocadinho mais baratos”, disse.
No entanto, por outro lado, acrescentou, no Banco Alimentar nota-se que “voltaram a haver alguns excedentes de produtos um bocadinho mais caros”, o que “significa que de alguma forma a classe média tem um pouco mais dinheiro e voltou a querer consumir produtos que são um pouco mais caros”.
Além dos produtos tradicionais, segundo a responsável, há também pessoas a doar o que apelidou de “mimos”, como chocolates ou chocolate em pó para o leite, além de outras que oferecem produtos como fruta em lata ou leite condensado, no entender da responsável certamente pessoas mais idosas, ainda com memórias de guerra e de privações (por oferecerem produtos que têm um grande prazo de validade).
A variedade de produtos “fora do formato” demonstra também “que quem dá tem uma atenção ao outro naquilo que são as suas necessidades”. “Chegamos a receber leite de bebé adaptado a crianças com alergias. É de alguém que tem um bebé nessa situação e que compra uma lata para outro bebé que acha que a mãe não tem possibilidade de comprar”, afirmou.
Hoje, no Banco Alimentar em Alcântara, Lisboa, muitos voluntários estão a ajudar a descarregar os produtos que não param de chegar, como de costume o azeite, leite e massas, mas também os produtos que não se está à espera, como gomas, passas e tabletes de chocolate, ou mesmo paté para cães.
E entre as centenas de voluntários que separam os produtos está Tomás Simões que tem como uma das funções amassar com os pés os sacos de papel que chegaram com os produtos doados e que vão sendo arremessados para uma espécie de contentor.
Tomás Simões veio da Algueirão Mem-martins e é a primeira vez que participa. É cansativo, diz, mas está a ser divertido. “Entre ficar em casa a jogar ´Play Station ou vir ajudar quem precisa, eu decido vir ajudar quem precisa”, disse à Agência Lusa.
Os 21 bancos alimentares apoiam de forma regular 2.663 instituições, que levam apoio alimentar a 420 mil pessoas com carências comprovadas.
Em 2016, foram recolhidos quase 26 milhões de quilos de comida, segundo os números oficiais. Na campanha do ano passado (como a de hoje) foram angariadas 1.967 toneladas de alimentos, um número que a organização gostaria de poder superar este ano.
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